Fiocruz
26/02/2022
As leishmanioses visceral canina e tegumentar são consideradas doenças negligenciadas. A transmissão ocorre pela picada do mosquito-palha (flebotomíneos), que se contamina com o sangue de pessoas e animais doentes e transmite o parasito a pessoas e animais sadios.
Os cães infectados apresentam fraqueza, perda de apetite, feridas que demoram a cicatrizar, descamação e perda de pelos, crescimento exagerado das unhas, inchaço do abdômen, entre outros sintomas.
Segundo o boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde no final de janeiro, em 2019, foram confirmados 2.529 novos casos da doença em humanos no Brasil e permanece sendo um ponto de atenção da vigilância epidemiológica. Foram notificados, entre março e outubro de 2021, 2.062 casos suspeitos de leishmaniose visceral canina só no Rio de Janeiro, dados divulgados pelo Instituto Municipal de Vigilância Sanitária, Vigilância de Zoonoses e de Inspeção Agropecuária (Ivisa-Rio) em dezembro de 2021.
A leishmaniose tegumentar compromete pele e mucosas. Geralmente é caracterizada pela presença de ferida única na pele ou em pequeno número, com bordas elevadas e indolor, embora possa assumir formas diferentes. A doença, que provoca destruição dos tecidos da cavidade nasal, faringe ou laringe, também vem tendo um aumento crescente no número de casos no país.
Prevenção
Desde o ano passado, o Ministério da Saúde vem distribuindo milhares de coleiras impregnadas com inseticida, como ferramenta de controle da leishmaniose visceral canina em municípios mais afetados. Uma outra forma de manter a vigilância é fazendo testagem em massa nos cães, ação que vem sendo realizada em algumas regiões do país.
Para prevenir a doença é importante que a população mantenha os quintais livres de matéria orgânica como folhas, fezes de animais, restos de comida, já que é nesse material acumulado que as fêmeas do inseto põem seus ovos e geram uma grande quantidade de novos mosquitos que irão transmitir a doença para pessoas e cães. É indicado também que seja realizada a poda de árvores regularmente mantendo o ambiente com luminosidade.
Atualmente, existe uma vacina contra leishmaniose visceral canina em comercialização no Brasil. Os resultados do estudo apresentado pelo laboratório produtor da vacina atendeu às exigências da Instrução Normativa Interministerial n° 31 de 09 de julho de 2007, o que resultou na manutenção de seu registro pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. No entanto, não existem estudos que comprovem a efetividade do uso dessa vacina na redução da incidência da leishmaniose visceral em humanos. Dessa forma, o seu uso está restrito à proteção individual dos cães e não como uma ferramenta de Saúde Pública. A vacina está indicada somente para animais assintomáticos com resultados sorológicos não reagentes para leishmaniose visceral.
Uma boa notícia para os profissionais de saúde é que a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), está oferecendo o curso “Leishmanioses no Brasil: diagnóstico e tratamento”. Esta é uma estratégia de formação e capacitação para médicos e outros profissionais de saúde para apoiar as ações de vigilância e controle das leishmanioses no país. O curso é gratuito e aplicado na modalidade à distância, e tem duração de cerca de 40 horas. [2]
[1] Imagem: CDC
[2] Texto de Gabriella Ponte com informações do Ministério da Saúde
Como citar esta notícia: Fiocruz. Saiba como prevenir as leishmanioses. Texto de Gabriella Ponte. Saense. https://saense.com.br/2022/02/saiba-como-prevenir-as-leishmanioses/. Publicado em 26 de fevereiro (2022).