ESO
14/02/2022
Entre Marte e Júpiter encontram-se algumas das relíquias do início do Sistema Solar: o Cinturão Principal de Asteroides. Este cinturão está cheio de asteroides incomuns cujas origens revelam os blocos de construção dos primeiros planetas terrestres. Entre eles, um dos mais intrigantes é Electra, o qual podemos ver nesta imagem obtida com o instrumento SPHERE, instalado no Very Large Telescope do ESO no Paranal, Chile.
Anteriormente, Electra era conhecido por ter não uma, mas duas luas em sua órbita, as quais podemos ver na imagem marcadas com órbitas laranja e verde, respetivamente. Agora, uma equipe de astrônomos, liderada por Anthony Berdeu do Instituto Nacional de Pesquisas Astronômicas da Tailândia, acaba de descobrir um novo satélite em órbita deste asteroide — assinalado com a órbita azul na imagem. Esta descoberta faz de Electra o primeiro sistema quádruplo de asteroides descoberto.
Esta terceira lua de Electra agora descoberta, nomeada provisoriamente S/2014 (130) 2, situa-se mais perto do seu asteroide progenitor do que as outras duas luas, a uma distância média de um pouco menos de 350 km, e é 15000 vezes mais tênue que Electra. A equipe utilizou dados públicos do arquivo científico do ESO e uma nova técnica de processamento de imagem para revelar esta pequena lua. Esta descoberta ajudará os astrônomos a compreender como é que estes satélites se formam e, consequentemente, fornecerá informações cruciais sobre a formação e evolução planetária no nosso próprio Sistema Solar.
O SPHERE (Spectro-Polarimetric High-contrast Exoplanet REsearch) é um poderoso instrumento para encontrar planetas. O instrumento utiliza um sistema de óptica adaptativa extrema que permite corrigir a turbulência atmosférica terrestre em tempo real, a qual dá origem ao cintilar das estrelas no céu. Foi apenas devido à sensibilidade e resolução espacial do SPHERE, juntamente com técnicas de processamento de dados de ponta, que a equipe conseguiu descobrir este novo satélite de Electra. [3]
[1] Crédito: ESO/Berdeu et al., Yang et al.
Como citar este texto: ESO. Três é demais! Saense. https://saense.com.br/2022/02/tres-e-demais/. Publicado em 14 de fevereiro (2022).