CCS/CAPES
25/05/2020

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Mestre em Letras pelo do programa de pós-graduação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Flávia Pieretti Cardoso atua na área de educação inclusiva há 13 anos. Como produto do seu mestrado Flávia fez o documentário “Silenciadas: em busca de uma voz”, que mostra o depoimento de seis mulheres com deficiência, vítimas da violência.

Fale um pouco sobre o seu trabalho.
A pesquisa de mestrado e o documentário surgiram a partir da minha experiência e vivência enquanto educadora com mulheres com deficiência, em Campo Grande (MS). Por diversas vezes ouvi relatos de violências vivenciadas por elas, algumas na infância, outras na adolescência, até mesmo por toda uma vida, em muitos casos, sem se darem conta de que haviam sido vítimas de violência. Além disso, também constatei a falta de pesquisas na área da violência com o recorte para a deficiência e mecanismos de combate a violência, de forma que atenda às necessidades específicas de cada deficiência.

Como se deu o interesse em trabalhar com o assunto?
Sou especialista em educação inclusiva, trabalho há bastante tempo nessa área com pessoas com deficiência. Em 2015 tive uma experiência na Casa da Mulher Brasileira (CMB). Fui lá como intérprete de Libras e tive contato com pessoas com algum tipo de deficiência. Comecei a pesquisar o que tinha de acessibilidade e materiais informativos e percebi que havia poucas pesquisas nessa área, principalmente de forma acessível, ou seja, em Libras, em braile. Então, minha vivência com elas, ouvir os relatos da vida, me aprofundou nisso.

Como surgiu a ideia do documentário?
A gente vê que elas estão invisíveis na sociedade, são silenciadas, não ouvimos falar muito sobre isso, quase não tem divulgação. Por isso, decidi realmente fazer algo, além do mestrado, da dissertação escrita que tem toda uma análise dos depoimentos. Desde o início, eu queria fazer um vídeo que fosse acessível para que todas as mulheres. Não importa o tipo de deficiência, todas devem se beneficiar do conteúdo, porque são poucos os materiais informativos ou documentários que realmente estão de forma acessível.

Qual foi sua maior preocupação ao criar o documentário?
A minha preocupação é que ele fosse totalmente acessível, para que todas as pessoas tenham a oportunidade de conhecer esse material, possam ser beneficiadas com as informações que tem ali.

Se mulheres com deficiência assistirem a esse vídeo, vão ter informações sobre o que é violência, como buscar ajuda, vão poder se identificar e saber que não estão sozinhas, para essas mulheres têm esse objetivo. Para as pessoas da área jurídica, serve para que tenham mais atenção com essa população, essas mulheres que são pouco vistas, não têm muitas vezes como fazer uma denúncia, por não ter um meio acessível de buscar por ajuda.

Qual a importância do apoio da CAPES?
A bolsa CAPES me ajudou a contratar os profissionais que eu precisei, que fizeram por um valor bem acessível para mim, consegui voluntários, mas a bolsa me ajudou muito, a poder pagar esses profissionais que fizeram a filmagem e edição.

Sobre o documentário
O documentário foi produzido com recurso de janela em Libras, legenda e áudio descrição, para que todas as mulheres sejam abrangidas em seu direito à informação. Com isso, esse documentário configura-se em um instrumento de enfrentamento à violência contra mulheres com deficiência.

O Documentário está disponível no YouTube, no canal da Associação de Mulheres com Deficiência do Mato Grosso do Sul, AMDEF – MS.

[1] Imagem de moritz320 por Pixabay.

Como citar esta notícia: CCS/CAPES. Pesquisadora retrata a realidade de mulheres com deficiência. Saense. https://saense.com.br/2020/05/pesquisadora-retrata-a-realidade-de-mulheres-com-deficiencia/. Publicado em 25 de maio (2020).

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