Claudio Macedo
03/01/2017

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Pesquisa norte-americana mostra que adultos que tiveram uma infância pobre manifestam déficits na memória espacial de curto prazo, mais comportamentos de desamparo e maior carga alostática (estresse fisiológico crônico) [2].

A memória de curto prazo descreve o número de bits de informação que os indivíduos podem manter na memória imediata. A capacidade de memória de curto prazo é importante porque influencia a codificação da informação em memória de longo prazo e está associada ao desenvolvimento cognitivo entre crianças.

As crianças desfavorecidas enfrentam uma infinidade de estressores psicossociais e físicos incontroláveis que podem prejudicar o senso de domínio tornando as crianças mais vulneráveis ao desamparo. O estudo indicou que a desvantagem na infância está relacionada com o desamparo na idade adulta.

A carga alostática reflete o desgaste acumulado no corpo devido à mobilização repetida dos sistemas de resposta fisiológica às demandas ambientais. A carga é avaliada pelo acúmulo de biomarcadores em vários sistemas de resposta ambiental, como sistema cardiovascular, sistema nervoso simpático, eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) e processos metabólicos. A desvantagem infantil está associada a uma maior carga alostática em crianças. Esse estudo inovou ao correlacionar a carga alostática adulta à pobreza infantil.

O trabalho investigou várias medidas de bem-estar psicológico de 341 pessoas entre as idades de 9 e 24 em relação à pobreza infantil. Os adultos das áreas mais pobres manifestam sistematicamente níveis mais baixos de bem-estar psicológico 15 anos depois, independentemente do bem-estar infantil avaliado aos 9 anos.

A pesquisa traz indicações objetivas de sequelas psicológicas na idade adulta de pessoas submetidas à pobreza infantil. Essas informações podem ser muito úteis nos processos de formulação de políticas públicas de correção de desigualdades sociais.

[1] Crédito da imagem: JudaM (Pixabay) / Creative Commons CC0. URL: https://pixabay.com/en/boy-india-pot-poverty-child-poor-1006213/.

[2] GW Evans. Childhood poverty and adult psychological well-being. PNAS 10.1073/pnas.1604756114 (2016).

Como citar este artigo: Claudio Macedo. Consequências psicológicas em adultos originadas da pobreza na infância. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2017/01/consequencias-psicologicas-em-adultos-originadas-da-pobreza-na-infancia/. Publicado em 03 de janeiro (2017).

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