Claudio Macedo
31/03/2016
Pesquisadores da Universidade de Oxford (Inglaterra) procuraram responder à complexa questão referente ao impacto na saúde e no meio ambiente na hipótese de mudanças alimentares globais até o ano de 2050. Eles consideraram quatro cenários: (1) manutenção do atual padrão alimentar; (2) forte redução do consumo de carnes; (3) adoção de uma dieta vegetariana (além de vegetais inclui leite e ovos); (4) adoção de uma dieta vegana (exclusivamente alimentos vegetais) [2].
O trabalho usou exclusivamente dados disponíveis na literatura científica. O estudo partiu da premissa que a escolha da nossa comida afeta nossa saúde e tem importantes implicações para o meio ambiente. O sistema alimentar é responsável por mais de um quarto de todas as emissões de gases de efeito estufa, dos quais até 80% são associados com a produção de gado [2].
O alto consumo de carne vermelha e o baixo consumo de frutas e vegetais são importantes fatores de risco relacionados com mortalidade precoce. Além disso, mais de um bilhão de pessoas estão acima do peso ou obesos. Sem mudanças na dieta, a situação deverá piorar à medida que cresce a população mundial, resultando em mais emissões de gases de efeito estufa e no aumento dos problemas de saúde associados ao peso do corpo e a dietas não saudáveis. As doenças consideradas no trabalho como relacionadas à alimentação foram: doença cardíaca coronariana, acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2 e câncer [2].
A conclusão dos pesquisadores é que a transição para dietas com base nas plantas poderia reduzir a mortalidade global em 6-10% e as emissões de gases de efeito de estufa relacionadas com os alimentos em 29-70%, dependendo se for adotado pela população algum dos cenários de dieta (2), (3) ou (4) em comparação com o cenário de referência (1) em 2050.
A adoção em larga escala de dietas com forte redução de produtos de origem animal é muito difícil. Mas, certamente, estudos dessa natureza ajudarão na educação alimentar das pessoas, principalmente das novas gerações. [3]
[1] Crédito da imagem: Zeetz – originally posted to Flickr as Vegan, Gardein and Tofu, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=15797177.
[2] M Springmann et al. Analysis and valuation of the health and climate change cobenefits of dietary change. PNAS 113, 4146 (2016).
[3] Artigos relacionados: As quatro características de estilo de vida saudável, A obesidade afeta a percepção de distância, Insucesso das dietas, Como a temperatura afeta a economia? e Derretimento do gelo antártico.
Como citar este artigo: Claudio Macedo. O que aconteceria se todos passassem a ser vegetarianos? Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/03/o-que-aconteceria-se-todos-passassem-a-ser-vegetarianos/. Publicado em 31 de março (2016).
Seria interessante avaliar também os impactos na espécie humana (bios) e na reestruturação da relação dos humanos com os animais.
Gabriela,
Os pesquisadores assumiram no trabalho que está comprovado cientificamente ser possível se ter uma dieta com poucos alimentos de origem animal ou até mesmo nenhum (dieta vegana). Naturalmente, quanto menos produtos de origem animal sejam incluídos na dieta, mais complexa é a composição segura de substitutos vegetais que garantam a nutrição.
Eles assumiram, também, sustentados em dados científicos, que as pessoas ficam mais saudáveis, menos suscetíveis às doenças relacionadas à alimentação (doença cardíaca coronariana, acidente vascular cerebral, diabetes tipo 2 e câncer) quando adotam dietas com poucos alimentos de origem animal.
Além disso, tem o impacto positivo de redução da emissão de gases de efeito estufa por parte de animais.
Todos os que pensam nos animais como seres sensíveis acreditam que nos tornaríamos mais “humanos” com a mudança da alimentação no sentido indicado no trabalho.
Valeu. Obrigado pelo comentário.
Abraço.