Ana Maia
19/09/2016
Um estudo recente comparou as taxas de mortalidade, por diversas causas, de radiologistas com psiquiatras [2]. Os psiquiatras foram escolhidos por serem um grupo médico sem exposição à radiação. Este estudo utilizou a maior população de radiologistas já relatada: foram 43.763 radiologistas e 64.990 psiquiatras, todos formados entre 1916 e 2006.
Os dados foram obtidos da American Medical Association (AMA), que mantém um cadastro rico e atualizado dos médicos com acreditação para atuarem nos Estados Unidos desde 1902. Os dados deste cadastro foram ainda complementados com dados de outras bases nacionais, como a do Social Security Administration.
O estudo iniciou em 1979 e os médicos foram acompanhados de 1 de janeiro de 1979 a 31 de dezembro de 2008. Os formados após 1979 foram incluídos no estudo um ano após a sua graduação.
Os resultados do estudo mostraram aumento de mortalidade associada a patologias que podem ser induzidas por exposição à radiação nos graduados antes de 1940. Para este grupo, foi estatisticamente observado maior risco de mortalidade por leucemia mieloide aguda e/ou síndrome mielodisplásica, melanoma, linfoma não-Hodgkin e doenças cerebrovasculares.
Contudo, nos formados após 1940, observou-se, de modo geral, um leve aumento da longevidade e não é possível observar nenhum aumento de risco associado incidência de cânceres. Ficou comprovado, portanto, que os radiologistas não são um grupo de risco maior de desenvolvimento de doenças radioinduzidas.
Isto certamente é uma grande notícia que comprova que as práticas radiológicas são ocupacionalmente seguras há bastante tempo nos Estados Unidos e que podem ser seguras em qualquer lugar que as práticas obedeçam às exigências de proteção radiológicas bem estabelecidas internacionalmente.
[1] Crédito da imagem: Zackstarr [CC BY-SA 3.0], via Wikimedia Commons. URL: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Radiologist_in_San_Diego_CA_2010.jpg.
[2] A Berrington de González et al. Long-term Mortality in 43763 U.S. Radiologists Compared with 64990 U.S. Psychiatrists. Radiology 281, 847 (2016).
Como citar este artigo: Ana Maia. Radiologista não tem maior risco de morte! Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/09/radiologista-nao-tem-maior-risco-de-morte/. Publicado em 19 de setembro (2016).
Será este o fim do acréscimo salário devido a riscos de exposição por radiação?
O estudo é para os Estados Unidos. Então, não reflete necessariamente a situação nacional, mas aponta um norte possível. Acho que os trabalhadores que fazem uso de radiação deveriam exigir que as práticas fossem seguras o suficiente para que a compensação financeira deixasse de ser justificável. Isto significaria segurança para todos. Não?