Tábata Bergonci
28/12/2016

[1]
[1]
O ano está chegando ao fim e as retrospectivas estão por aí. Aqui no Saense não poderia ser diferente! 2016 foi um ano de descobertas valiosas para a genética. Ao longo do ano, falamos, por exemplo, sobre as características genéticas da homossexualidade (link) e também de genes que se expressam após a morte (link). O que mais teve por aí? Primeiro uma explicação sobre esta retrospectiva: na ciência, a importância e relevância de um artigo vão sendo construídas conforme este é citado por outros cientistas em outros artigos. Levando isso em consideração, busquei os artigos mais citados em 2016 (publicados este ano) na área de genética e trago este apanhado aqui para vocês.

O artigo mais citado foi publicado na revista Nature [2]. Este artigo mostra evidências de que o tempo de vida máximo de uma espécie é geneticamente fixado nos primeiros estágios da vida, como um limite natural, não podendo ser alterado com facilidade como começávamos a pensar. De fato, apesar da média da longevidade da espécie humana ter aumentado gradativamente ao longo dos anos com a melhoria da qualidade de vida, a idade da morte das pessoas mais velhas do mundo não aumentou. Será que a engenharia genética pode mudar isso? Não podemos dizer que não, mas o número de genes que controla nosso tempo de vida pode ser tão assombrosamente grande que dificilmente conseguiríamos.

Em segundo lugar nas citações da área de genética temos um artigo na revista Science [3] que relata a construção em laboratório do menor genoma capaz de fazer um organismo sobreviver (no caso, uma bactéria). Fiz uma matéria sobre esse artigo em abril e ele pode ser lido aqui. A descoberta mais intrigante do estudo é que 149 genes nesse genoma têm funções até agora desconhecidas, mostrando que a vida ainda não pode ser totalmente explicada cientificamente.

Pra finalizar e deixar esse final de ano mais leve, vamos falar de girafas? Quem não gosta, não é!? O terceiro artigo de genética mais citado está na revista Current Biology [4] e nos revela que, ao contrário do que se pensava até hoje, não existe apenas uma espécie de girafa… E sim quatro! O estudo encontrou que as nove subespécies que se pensavam existir podem, na verdade, serem distribuídas em quatro diferentes espécies com algumas subespécies. A descoberta é importante para que os biólogos consigam traçar melhor as estratégias de preservação do animal mais alto do planeta.

O ano não foi só isso, é claro. Cientistas mostraram que as modificações causadas no nosso DNA quando fumamos são irreversíveis e que existe associação entre essas modificações e o câncer, do qual já falei aqui [5]. Entre os artigos importantes temos uma avaliação genética do buldogue inglês [6], mostrando que esta é a raça com maiores problemas de saúde entre todas as caninas. “Agradecimentos” aos programas de melhoramento… E, pra finalizar, um artigo que mostra que existe um gene responsável pela obesidade de alguns cães labradores [7]. Os cachorros estavam em alta esse ano, não!? O que o próximo ano nos aguarda? Estou ansiosa para ver… E você?

[1] Crédito da imagem: magnetismos (Flickr) / Creative Commons. URL: https://www.flickr.com/photos/magnetismus/8389312133/.

[2] X Dong et al. Evidence for a limit to human lifespan. Nature Letter 10.1038/nature19793 (2016).

[3] CA Hutchison III et al. Design and synthesis of a minimal bacterial genome. Science 10.1126/science.aad6253 (2016).

[4] J Fennessy et al. Multi-locus analyses reveal four giraffe species instead of one. Current Biology 10.1016/j.cub.2016.07.036 (2016).

[5] LB Alexandrov et al. Mutational signature associated with tobacco smoking in human cancer. Science 10.1126/science.aag0299 (2016).

[6] NC Pedersen et al. A genetic assessment of the English bulldog. Canine Genetics and Epidemiology 10.1186/s40575-016-0036-y (2016).

[7] E Raffan et al. A deletion in the canine POMC gene is associated with weight and appetite in obesity-prone Labrador retriever dogs. Cell Metabolism 10.1016/j.cmet.2016.04.012 (2016).

Como citar este artigo: Tábata Bergonci. Retrospectiva 2016: o que a genética nos trouxe! Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/12/retrospectiva-2016-o-que-a-genetica-nos-trouxe/. Publicado em 28 de dezembro (2016).

Artigos de Tábata Bergonci     Home