Matheus Macedo-Lima
28/11/2017

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Nossos bichos de estimação geralmente se tornam membros da família. E como tais, devemos nos preocupar com todos os aspectos de sua saúde. E isso inclui a saúde mental. Assim como humanos, a saúde mental de outros animais necessita de boa nutrição, estímulos positivos constantes, baixo estresse e ansiedade. Esses aspectos geralmente contribuem para uma vida saudável, o que leva a um envelhecimento saudável.

Porém, mesmo com esses fatores em ordem, outras influências, como genética ou doenças, podem acelerar o envelhecimento mental de um animal e causar o que chamamos de disfunção cognitiva ou demência.

Cães são animais com um altíssimo grau de domesticação, o que faz com que as interações com humanos sejam extremamente sofisticadas. Sabemos que cães até processam linguagem humana no cérebro (escrito a respeito no Saense aqui)! Por conta do nível de domesticação, é bastante evidente para os donos quando há algum desvio de comportamento no animal. Quando o cão fica velhinho, por exemplo, ele pode passar a não reconhecer pessoas ou comandos, ou cometer “acidentes” dentro de casa. É preciso reconhecer esses sinais para promover mudanças no estilo de vida que acolham as necessidades do animal senil. Além disso, intervenções médicas ou nutricionais podem retardar o envelhecimento mental do seu bichinho.

Um grupo de veterinários e pesquisadores europeus desenvolveram e validaram uma nova ferramenta para testar com eficiência o declínio cognitivo em cães [2]. É um questionário simples contendo 17 perguntas para medir a severidade das anormalidades de comportamento apresentadas por cães idosos. São testadas quatro categorias: orientação espacial, interação social, ritmo de sono e acidentes de “banheiro” dentro de casa (instruções de como completar o questionário abaixo).

Para validar o teste, os pesquisadores avaliaram 234 cães com idade acima de 8 anos durante visitas de rotina ao veterinário. Utilizando o questionário, eles encontraram que 76% destes cães apresentaram algum grau de disfunção cognitiva (34% leve, 21% moderada e 21% severa). Um fator importante é que os donos de cães com disfunção cognitiva leve não haviam notado mudanças óbvias no comportamento antes de serem perguntados a respeito.

Avaliando individualmente cada categoria do questionário, os autores notaram que interações sociais e o distúrbio do sono foram as categorias mais frequentes em cães com distúrbio cognitivo moderado e severo.

Quer testar o seu velhinho? Abaixo você vai encontrar o mesmo questionário utilizado pelos pesquisadores (em tradução livre) e instruções. Que tal postar a pontuação do seu cãozinho nos comentários, junto com algumas observações dos seus comportamentos? Você havia se dado conta de algum sinal de velhice antes desse questionário? Ah, e não se esqueça de comentar com o seu veterinário!

[1] Crédito da imagem: Bill Harrison (‘Even old dogs need holidays’, Flickr) / Creative Commons (CC BY 2.0). URL: https://www.flickr.com/photos/bill_harrison/4313399700.

[2] A Madari et al. Assessment of severity and progression of canine cognitive dysfunction syndrome using the CAnine DEmentia Scale (CADES). Appl Anim Behav Sci 171, 138 (2015).

Como citar este artigo: Matheus Macedo-Lima. Teste aqui se o seu cãozinho está gagá: uma nova escala para a demência canina. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2017/11/teste-aqui-se-o-seu-caozinho-esta-gaga-uma-nova-escala-para-a-demencia-canina/. Publicado em 28 de novembro (2017).

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