ESO
26/02/2018
O espelho primário de 39 metros de diâmetro do Extremely Large Telescope (ELT) do ESO [1] será de longe o maior já construído para um telescópio óptico-infravermelho. Um gigante desses é grande demais para poder ser feito de uma única peça de vidro, por isso o espelho consistirá de 798 segmentos hexagonais individuais, cada um com uma dimensão de 1,4 metros e cerca de 5 cm de espessura. Os segmentos trabalharão em conjunto como se fossem um único e enorme espelho, coletando dezenas de milhões de vezes mais luz que o olho humano é capaz.
Marc Cayrel, chefe de optomecânica do ELT, esteve presente nas primeiras moldagens: ”Foi fantástico ver os primeiros segmentos sendo moldados. Trata-se de um enorme marco na construção do ELT!”
Assim como o molde do espelho secundário do telescópio, os segmentos do espelho principal são fabricados de um material cerâmico de baixa expansão chamado Zerodur© [2] da SCHOTT. O ESO assinou os contratos da fabricação dos quatro primeiros espelhos do ELT — M1 a M4, sendo M1 o espelho primário — com esta companhia alemã (eso1704).
A moldagem dos primeiros segmentos é um processo importante, já que é a partir dela que os engenheiros da SCHOTT validam e otimizam o processo de fabricação, assim como as ferramentas e os procedimentos associados.
A moldagem dos primeiros seis segmentos trata-se um importante marco no processo de construção deste telescópio, mas a estrada ainda é longa — será necessário moldar e polir mais de 900 segmentos (789 para o espelho primário propriamente dito e um conjunto sobresselente de 133). Quando o processo estiver completamente otimizado, a taxa de produção será de cerca de um segmento por dia.
Após a moldagem, os moldes dos segmentos de espelho serão submetidos a uma sequência de tratamento de aquecimento e lento processo de resfriamento, sendo depois aparados até à forma correta e polidos até uma precisão de 15 nanometros em toda a superfície óptica. Os ajustes da forma e polimento da superfície serão da responsabilidade da companhia francesa Safran Reosc, a qual fará testes adicionais (eso1717). [3]
[1] O ESO (European Southern Observatory) é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronômico mais produtivo do mundo. O ESO é financiado por 16 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, assim como pelo Chile, o país de acolhimento, e pela Austrália, como parceiro estratégico. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronômicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrônomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronômica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope, o observatório astronômico óptico mais avançado do mundo e dois telescópios de rastreio. O VISTA, o maior telescópio de rastreio do mundo que trabalha no infravermelho e o VLT Survey Telescope, o maior telescópio concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é um parceiro principal no ALMA, o maior projeto astronômico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o Extremely Large Telescope (ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.
[2] O Zerodur© foi originalmente desenvolvido para telescópios astronômicos no final da década de 1960 e é um material com um coeficiente de expansão térmica muito baixo, o que significa que não se expande mesmo quando submetido a enormes flutuações de temperatura. É também altamente resistente em termos químicos e pode ser polido com elevado grau de acabamento. A camada refletora, feita de alumínio ou prata, é normalmente vaporizada sobre a superfície extremamente polida do espelho, pouco antes do telescópio entrar em operação e posteriormente a intervalos regulares. Muitos telescópios que utilizam espelhos de Zerodur© têm operado com sucesso ao longo das últimas décadas, incluindo o Very Large Telescope do ESO, no Chile.
[3] Este texto é a tradução da Nota de Imprensa do ESO eso1801, cortesia do ESON, uma rede de pessoas nos Países Membros do ESO, que servem como pontos de contato local para a imprensa. O representante brasileiro é Gustavo Rojas, da Universidade Federal de São Carlos. A nota de imprensa foi traduzida por Margarida Serote (Portugal) e adaptada para o português brasileiro por Gustavo Rojas.
Como citar esta notícia científica: ESO. Moldados os primeiros segmentos do espelho principal do ELT. Tradução de Margarida Serote e Gustavo Rojas. Saense. http://www.saense.com.br/2018/02/moldados-os-primeiros-segmentos-do-espelho-principal-do-elt/. Publicado em 26 de fevereiro (2018).