Portal de Periódicos da CAPES
16/05/2018

Mimivírus. [1]
Desde a descoberta de vírus gigantes infectando amebas em 2003, muitos dogmas de virologia foram revisados e a busca pelos organismos foi intensificada. Nos últimos anos, vários novos grupos desses agentes foram descobertos em diferentes tipos de amostras e ambientes. Uma pesquisa recém-publicada pela revista científica Virology Journal – disponível em acesso aberto no Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – descreve o isolamento de 68 vírus gigantes identificados no Brasil e na Antártida.

Jônatas Abrahão, um dos autores do trabalho, explica que os vírus gigantes formam um grupo composto por elementos que apresentam partículas com grandes dimensões quando comparadas à maioria dos vírus conhecidos, podendo ser até maiores que algumas bactérias. “Além do tamanho, esses vírus possuem os maiores e mais complexos genomas já observados na virosfera, contendo, inclusive, genes que nunca haviam sido reportados em outros vírus”, avalia.

Segundo o cientista, os vírus gigantes (como os mimivírus, os pandoravírus e os tupanvírus) são os maiores representantes da virosfera. “Eles podem ser até 50 vezes maiores que um vírus comumente conhecido, como o da dengue. Entretanto sabemos, até o momento, que os vírus gigantes infectam somente amebas de vida livre e não há evidências suficientes que suportam a associação deles com alguma doença em humanos e outros animais”, sugere Abrahão.

O artigo científico Ubiquitous giants: a plethora of giant viruses found in Brazil and Antarctica apresenta resultados no que se refere ao isolamento de diferentes espécies virais, aumentando o conhecimento sobre a diversidade em ambientes brasileiros e da Antártida. Além disso, os pesquisadores contataram que a categoria tem alta resistência a diferentes temperaturas. “Foi possível observar a presença dos vírus gigantes tanto em ambientes com alta ação antropogênica, como a Lagoa da Pampulha (BH), como também em ambientes extremos e conservados (Antártida)”, conta o especialista.

Compreender a diversidade e a distribuição desses agentes em diferentes ambientes é necessário para ampliar o entendimento de outros aspectos que os envolvem, como detalha Abrahão: “esse tipo de estudo nos revela diversos fatores, como a relação existente com hospedeiros, a maior ou menor complexidade do genoma de cada um dos vírus e até mesmo a evolução dos organismos, que ajudam a entender, inclusive, a evolução dos seres vivos como um todo”.

No Brasil os vírus gigantes já foram isolados em diversos estados e de diferentes tipos de amostras. O primeiro vírus gigante encontrado no país foi o sambavírus, isolado a partir de água coletada no Rio Negro, na Amazônia. “Além deste, temos os oystervírus, isolados a partir de água coletada nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. No estado de Minas Gerais, temos o maior número de isolados, sendo a grande maioria oriunda da Lagoa da Pampulha. Entre eles, estão os primeiros isolados brasileiros de marseillevírus, pandoravírus e cedratvírus”, indica o pesquisador.

Além disso, através da análise de água de lagoas, rios e ambientes hospitalares foi possível o isolamento de centenas de mimivírus em Minas Gerais. O estado do Rio Grande do Sul abriga dois isolados, um marseillevírus e um mimivírus. Por fim, a última descoberta, vem dos estados do Mato Grosso do Sul (lagoas salinas) e do Rio de Janeiro (solo oceânico), onde foram isolados os tupanvírus. [2]

[1] Crédito da imagem: C Xiao et al. (CC BY 2.5), via Wikimedia Commons. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cryoelectron_microscopy_of_the_Giant_Mimivirus_-_journal.pbio.1000092.g005.png.

[2] Esta notícia científica foi escrita por Alice Oliveira dos Santos.

Como citar esta notícia científica: Portal de Periódicos da CAPES. Vírus gigantes encontrados no Brasil. Texto de Alice Oliveira dos Santos. Saense. http://www.saense.com.br/2018/05/virus-gigantes-encontrados-no-brasil/. Publicado em 16 de maio (2018).

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