Agência FAPESP
25/07/2018
As conclusões são do sumário para tomadores de decisão do primeiro diagnóstico brasileiro de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, elaborado pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES, na sigla em inglês).
A versão preliminar do sumário foi apresentada em uma sessão especial durante a 70ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre até o próximo sábado (28/07) na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em Maceió.
“O sumário ainda não está em sua versão definitiva e foi apresentado com o objetivo de debatermos as conclusões com a comunidade científica para incorporar críticas e sugestões que eventualmente possam ser feitas”, disse Carlos Joly, professor da Unicamp e membro da coordenação da BPBES e do Programa BIOTA-FAPESP, na abertura do evento.
Os ativos ambientais do Brasil – representados pela oferta de bens da natureza e serviços ecossistêmicos, como os associados à polinização e manutenção dos recursos hídricos – são a base de sustentação das demandas da sociedade brasileira, ressaltam os autores do relatório.
Das 141 culturas agrícolas brasileiras cultivadas, 85 dependem de polinização por animais, como abelhas, e mais de 40% da produção de energia primária no país são provenientes de fontes renováveis, exemplifica o documento.
“O capital ambiental do Brasil representa o seguro do país em um ambiente de crises globais de diferentes naturezas”, disse Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília (UnB) e uma das autoras do diagnóstico.
Os recursos naturais brasileiros, contudo, têm sido fortemente pressionados e ameaçados, alertam os autores. A atual destruição e degradação das florestas brasileiras, por exemplo, coloca em risco o ciclo hidrológico que mantém, em grande parte, a produção agrícola brasileira. “O uso insustentável de recursos naturais no país precisa ser urgentemente interrompido em face dos vários sinais de colapso ambiental”, diz o documento.
A fim de assegurar às futuras gerações no mínimo as mesmas riquezas naturais que a sociedade brasileira dispõe hoje será preciso, urgentemente, incorporar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos às políticas de desenvolvimento do país. Além disso, é fundamental promover o cumprimento das leis ambientais existentes e inovar no desenho de políticas que integrem componentes sociais, econômicos e ambientais, sugerem os autores.
“Há urgência nas escolhas para consolidar as bases para um futuro sustentável. Talvez essa seja a principal mensagem do relatório”, avaliou Bustamante.
Etapa conclusiva
De acordo com Joly, a apresentação da versão preliminar do sumário para tomadores de decisão representa a última etapa do trabalho de elaboração do diagnóstico para se chegar a um documento definitivo em outubro de 2018.
Uma versão preliminar do relatório foi apresentada em grupos focais com representantes de órgãos governamentais, empresas, organizações públicas e jornalistas. “Estamos elaborando o diagnóstico brasileiro de biodiversidade e serviços ecossistêmicos em diálogo com a sociedade”, afirmou Joly.
Para elaborar o diagnóstico foi instituído um Grupo de Trabalho pela SBPC, com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), da Academia Brasileira de Ciências (ABC), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Programa BIOTA-FAPESP e da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS), entre outras entidades.
O grupo de trabalho reúne 36 pesquisadores de diferentes áreas, vinculados a universidades de diversos estados, e mais 14 autores convidados.
“O relatório do diagnóstico brasileiro terá cinco capítulos e seguirá a mesma estrutura do diagnóstico regional sobre biodiversidade e serviços ecossistêmicos nas Américas do IPBES [Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos] apresentado em março deste ano”, disse Joly (leia mais em: www.agencia.fapesp.br/27421).
A iniciativa de elaborar o diagnóstico brasileiro de biodiversidade e serviços ecossistêmicos surgiu justamente a partir do trabalho de realização do documento do IBPES, contou Joly. Durante a reunião dos autores do relatório regional das Américas se constatou que havia um grupo de 25 pesquisadores brasileiros participantes do trabalho.
“Pensamos se não era o caso de também fazermos um diagnóstico brasileiro, uma vez que as informações sobre a biodiversidade brasileira estão divididas em órgãos como os ministérios do Meio Ambiente, de Ciência, Tecnologia, Comunicações e Inovações, da Agricultura e das Relações Exteriores”, disse Joly à Agência FAPESP.
“Nosso objetivo foi reunir essas informações, sintetizá-las e tirarmos conclusões para que se possa tomar caminhos e decisões sobre medidas de conservação e uso sustentável da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos”, disse. [2]
[1] Crédito da imagem: Claire05 (Pixabay), CC0 Creative Commons.
https://pixabay.com/en/flower-violet-heart-orange-bee-3525967/.
[2] Esta notícia científica foi escrita por Elton Alisson.
Como citar esta notícia científica: Agência FAPESP. Diagnóstico brasileiro de biodiversidade. Texto de Elton Alisson. Saense. http://www.saense.com.br/2018/07/diagnostico-brasileiro-de-biodiversidade/. Publicado em 25 de julho (2018).