INPE
24/07/2019
Com o apoio do Banco Mundial, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) expandiu para o Cerrado o monitoramento por satélites feito na Amazônia desde 1988. Agora, o desafio é realizar a mesma operação em todos os biomas brasileiros. Esta foi a conclusão do seminário que reuniu em São Paulo, no dia 26 de junho, gestores de projetos e especialistas na produção e disseminação de dados sobre desmatamento, queimadas e emissões de gases de efeito estufa (GEE).
“São informações importantes para a fiscalização, mas também para a ciência brasileira. Quem estuda os biomas precisa dos dados gerados pelo INPE para mensurar impactos inclusive na cadeia econômica, fundamental para o desenvolvimento do país”, disse Cláudio Almeida, pesquisador que coordena o Programa de Monitoramento da Amazônia e demais Biomas do INPE.
Ele ressaltou que “hoje temos soberania na cadeia técnica completa para o monitoramento”, uma vez que são utilizadas as informações da câmera WFI do CBERS-4 – o mesmo sensor estará a bordo do satélite sino-brasileiro CBERS-4A, que será lançado no final do ano, e no Amazonia-1, satélite totalmente nacional que voará em 2020.
“Hoje o consumidor exige que os produtos estejam de acordo com a legislação ambiental. O mundo pede garantias de que a soja e a carne não provêm de áreas desmatadas e os satélites e tecnologias do INPE têm qualidade para comprovar isso”, destaca Almeida.
A especialista ambiental Bernadete Lange, que representou o Banco Mundial no seminário, ressaltou o empenho e apuro técnico dos trabalhos. “Envolve muitos especialistas, todos excelentes, que produzem resultados que são úteis para a sociedade. Não se trata de mais uma pesquisa publicada”.
Lange lembrou que, há poucos anos, era difícil angariar recursos para investimentos no Cerrado. “Antes a preocupação era apenas com a Amazônia. Felizmente estamos mudando isso e esperamos conseguir manter os investimentos para o Cerrado e, também, para outros biomas”, disse a especialista do Banco Mundial.
Resultados sobre o desmatamento do Cerrado começaram a ser divulgados em 2018 pelo INPE, que já iniciou os mapas dos biomas Pantanal e Pampa. Todos os dados sobre desmatamento gerados pelo INPE podem ser consultados na plataforma TerraBrasilis.
Além de expandir os sistemas PRODES e DETER para o Cerrado, o projeto com o Banco Mundial também aprimorou o monitoramento de queimadas realizado pelo INPE desde 1998. Foi criada uma nova versão do TerraMA2Q – baseado na plataforma computacional TerraMA², destinada à construção de sistemas de monitoramento, análise e alerta de riscos ambientais para diferentes aplicações.
Parte do processo de desmatamento, os incêndios florestais estão entre as maiores ameaças ambientais do planeta, por afetar o clima e provocar a erosão do solo, além de causar mortes e extinção de espécies.
Capacidade brasileira
Coordenado pela pesquisadora Leila Fonseca, o projeto “Monitoramento Cerrado” faz parte do Programa de Investimento Florestal (FIP) gerido pelo Banco Mundial, sob responsabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC ), com execução do INPE em parceria com as universidades federais de Goiás (UFG) e (UFMG).
O projeto tem como triplo objetivo fortalecer a capacidade institucional do Brasil para o monitoramento do desmatamento, disponibilizar informações sobre riscos de incêndios florestais e contribuir para as estimativas de cálculos de emissão de GEE oriunda do desmatamento e das queimadas no Cerrado.
Também está em curso o projeto “Monitoramento Ambiental dos Biomas Brasileiros por Satélites” – para a cobertura da Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e Pantanal -, com apoio financeiro do Fundo Amazônia.
Como citar esta notícia científica: INPE. Monitoramento do Cerrado chama a atenção para outros biomas. Saense. https://saense.com.br/2019/07/monitoramento-do-cerrado-chama-a-atencao-para-outros-biomas/. Publicado em 24 de julho (2019).