CCS/CAPES
15/07/2019
Mestre em Ciência Animal pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-bolsista de doutorado pleno da CAPES em Ciências Veterinárias pela Murdoch University, na Austrália, Amanda Duarte, foi premiada pela descoberta de uma nova espécie de protozoário, encontrado em um morcego australiano. O acontecimento se deu durante seu trabalho de doutorado, no qual desenvolveu uma nova técnica para diagnosticar doenças parasitárias em animais e humanos. A pesquisa foi feita em parceria com veterinários do Australia Zoo Wildlife Hospital.
Em julho deste ano, a pesquisadora foi agraciada com um prêmio durante a cerimônia mundial do Odile Bain Memorial Prize, nos EUA, que laureia cientistas em início de carreira nas áreas de parasitologia médica e veterinária.
Fale um pouco sobre o seu projeto de
pesquisa e seu objetivo.
O objetivo da minha pesquisa é investigar agentes infecciosos, como bactérias e
protozoários, transmitidos por vetores em animais e humanos na Austrália. Para
isso, tecnologias avançadas de detecção genética e caracterização morfológica
são desenvolvidas. Por exemplo, utilizando uma técnica que chamamos de
Next-generation sequencing, é possível reproduzir milhões de sequências de DNA
presentes em uma amostra de sangue e, a partir das mesmas, identificar todos os
microrganismos presentes naquele hospedeiro.
Qual foi a sua reação ao saber do
prêmio?
Eu estava no Brasil visitando os meus pais. Estávamos juntos, no aeroporto, no
momento em que recebi a notificação. Eu dei um grito de surpresa, contei a eles
e lhes dei um abraço, agradecendo-lhes por serem meus maiores incentivadores. O
meu sentimento foi de profunda felicidade, gratidão e certeza de estar no
caminho certo.
O meu desempenho e minhas produções científicas até o momento, como um todo, foram importantes para que eu ganhasse este prêmio. Porém, meus trabalhos de maior destaque estão relacionados à minha tese de doutorado, na qual eu desenvolvi novas técnicas para diagnóstico de doenças parasitárias em animais, vetores e humanos. Além disso, o prêmio parabeniza a descoberta e caracterização de uma nova espécie de Trypanosoma em uma raposa-voadora (flying fox) australiana, uma espécie de morcego nativo da Austrália. A nova espécie é geneticamente similar ao parasito causador da Doença de Chagas no Brasil e foi nomeada Trypanosoma teixeirae, em homenagem à pesquisadora brasileira, professora Marta Teixeira, da Universidade de São Paulo (USP).
Quais são os principais pontos da sua
pesquisa?
Os principais pontos da minha pesquisa são, o diagnóstico, a caracterização
genética de agentes infecciosos transmitidos por vetores, bem como determinar a
sua prevalência, hospedeiros, distribuição espacial e potencial patogênico, ou
seja, potencial para causar doenças em animais e humanos. Além disso, no
momento, estou trabalhando com técnicas de visualização e caracterização de
bactérias no interior dos carrapatos para determinar o mecanismo de transmissão
e auxiliar na melhoria dos métodos de prevenção e controle de doenças
relacionadas.
Qual a importância do seu trabalho
para a realidade brasileira? E no âmbito internacional?
O meu trabalho é de grande importância para as realidades brasileira e
internacional, uma vez que ele descreve metodologias de pesquisa inovadoras que
podem ser usadas em qualquer lugar do mundo. O Brasil é um país que possui alto
índice de doenças bacterianas e parasitárias transmitidas por vetores;
portanto, o modelo cientifico, as descobertas e as técnicas utilizadas durante
meus projetos na Austrália podem ser diretamente transferidas para a pesquisa
no Brasil. Algumas dessas técnicas avançadas, por exemplo, ainda não são muito
comuns no Brasil. Além disso, eu colaboro com a USP e UFMG, em troca de
amostras para estudos de parasitas, sequenciamento e análise de genomas,
co-orientação de alunos, treinamentos e transferência de tecnologia.
O que a sua pesquisa traz de
diferente daquilo que já é visto na literatura?
Um dos aspectos inovadores da minha pesquisa é o desenvolvimento e aplicação de
novas tecnologias para diagnóstico de agentes infecciosos e melhor compreensão
dos mecanismos de transmissão desses agentes por seus vetores. Além disso, dados
importantes têm sido gerados sobre a ocorrência de diversos novos
micro-organismos potencialmente patogênicos para animais e humanos na fauna
silvestre Australiana.
[1] “DKD_4577”by Devarch77 is licensed under CC BY-NC-ND 2.0
Como citar esta notícia: CCS/CAPES. Novo protozoário é descoberto por ex-bolsista da CAPES. Saense. https://saense.com.br/2019/07/novo-protozoario-e-descoberto-por-ex-bolsista-da-capes/. Publicado em 15 de julho (2019).