Portal de Periódicos da CAPES
18/12/2019
Lembretes, bloco de notas, despertador, acesso a redes
sociais… Para muitas pessoas, a vida hoje depende das tecnologias
proporcionadas pelos smartphones. A pesquisadora Thaiane Santos da Silva,
ex-bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
e mestra pelo Programa de Pós-Graduação em Oceanografia da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE), foi além e enxergou outra funcionalidade para esse
aparelho, utilizando-o como ferramenta para monitorar e conter a propagação de
microplásticos (MPs) descartados nos ecossistemas costeiros e marinhos.
O método inédito de captura remota de imagens feitas com o
smartphone é uma possível alternativa para identificação de poluentes em
praias. Thaiane explica que a pesquisa foi motivada a partir da busca por uma
metodologia de estudo de baixo custo e que permitisse análises com rapidez.
“Além disso, o método surgiu a partir da percepção de vantagens em estudos de
lixo marinho usando sistemas de imagens (fotos e vídeos de sistemas de câmeras)
e lacunas (estudos que usam essas metodologias abrangem apenas detritos de
tamanho macro, em escalas de cm e microplásticos podem ser subestimados)”,
pontua a cientista.
Segundo Thaiane, quanto mais simples forem as amostragens com
imagens que revelem a poluição, melhor para gerar dados científicos em maiores
escalas, ajudando a otimizar o estudo de MPs. Atualmente, o monitoramento é
realizado convencionalmente através do método direto − coleta e análise
laboratorial −, sendo esse um protocolo que demanda mais recursos, tempo, mão
de obra especializada e alto custo.
A partir dos experimentos, o estudo concluiu que a técnica
inédita para verificar a detecção de MPs por imagem necessita de aprimoramentos
futuros, a fim de ajudar em uma determinação mais exata da quantidade de
objetos. O trabalho destaca ainda sistemas de câmeras (webcam e drone) como
potenciais ferramentas de monitoramento e identificação, podendo funcionar como
aliados na divulgação do alerta sobre a necessidade da preocupação ambiental,
embora necessite da interpretação das imagens coletadas juntamente com software
de segmentação e classificação.
“Celulares são ferramentas comuns e disponíveis à população,
por isso podem ser muito úteis no combate à poluição marinha por MPs, pois
possibilitam a participação da sociedade na geração de dados científicos”,
avalia Thaiane. Para ela, o envolvimento de voluntários diminuiria os custos
com pesquisas científicas e incentivaria o crescimento de projetos de ciência
cidadã.
Em sua dissertação, a autora explica que iniciativas assim
podem ser observadas em aplicativos como “Clean Swell”, “Marine Debris Tracker”
e “Creek Watch”, que contam com a elaboração de estudos científicos em que,
após identificarem lixo marinho, voluntários/usuários tiram fotos e as direcionam
para uma base de dados. “Esses dados auxiliam pesquisadores na identificação do
lixo e contribuem para o desenvolvimento de políticas de monitoramento e
solução para o problema”, afirma.
A investigação está detalhada na dissertação “Detecção de
microplásticos em praias: uma proposta alternativa de monitoramento com
imagens”. O estudo está disponível no repositório institucional da UFPE, mas
também está em fase de revisão para submissão a revistas científicas como
Remote Sensing of Environment, Marine Pollution Bulletin, International Journal
of Remote Sensing e Environment International. Os títulos indicados pela
pesquisadora para possível submissão estão disponíveis no acervo do Portal de
Periódicos da CAPES.
Como usuária do Portal, Thaiane sinaliza a relevância da
disponibilização do variado acervo, que alcança todas as áreas do conhecimento
em quantidade e qualidade: “no meio acadêmico e como pesquisadora é de extrema
importância acompanhar os estudos que estão sendo feitos no mundo. Utilizo o
Portal de Periódicos para buscar bibliografias, além da pesquisa direta em
revistas científicas”. Entre os recursos mais utilizados, Thaiane cita as bases
Scopus e Web of Science.
Sobre sua experiência como bolsista da CAPES, a pesquisadora
relata: “fazer pesquisa exige dedicação exclusiva, sem atividade paralela
remunerada, então a bolsa da CAPES foi de suma importância; ajudou a me manter
na cidade (morava em Belém e fui para Recife cursar a pós-graduação na UFPE) e
também nos custos das idas a campo (13 praias) para coleta de material para o
estudo. Sem esse suporte, eu não teria feito o mestrado e não seguiria na
trajetória acadêmica. Meu objetivo é me manter fazendo ciência e contribuir
para a pesquisa do Brasil”.
Com informações da Assessoria de Comunicação da UFPE.
[2]
[1] Foto: reprodução Google.
[2] Esta notícia científica foi escrita por Alice Oliveira dos Santos.
Como citar esta notícia científica: Portal de Periódicos da CAPES. Alternativa para análise e combate de microplásticos em praias. Texto de Alice Oliveira dos Santos. Saense. https://saense.com.br/2019/12/alternativa-para-analise-e-combate-de-microplasticos-em-praias/. Publicado em 18 de dezembro (2019).