Fiocruz
10/12/2019

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Idealizado a partir do projeto Resistência Arco-Íris, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), em parceria com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), o aplicativo Dandarah propõe um ecossistema digital para facilitar à população LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, mulheres transexuais, homens trans e intersexos) se informar, denunciar, registrar, enfrentar e evitar diversas formas de violência às quais essa população está sujeita. O lançamento será em 18 de dezembro a partir das 13h, no Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcellos (Rua Leopoldo Bulhões 1.480, quarto andar) e contará com mesas temáticas sobre violência LGBTIfóbica, apresentação da metodologia e resultados do projeto e apresentações culturais.

A pesquisadora responsável pelo Projeto Resistência Arco-Íris, Mônica Malta, teve como base para o desenvolvimento do app uma pesquisa iniciada há dois anos na Ensp e também as informações obtidas por meio de grupos mobilizados em diversas cidades brasileiras, reunindo lideranças, profissionais de educação, assessoras parlamentares e ativistas LGBTI. A partir da discussão de temas como panorama e impacto da violência, estigma e discriminação voltados para a população LGBTI no Brasil – além de sugestões sobre funcionalidades que gostariam de incluir no aplicativo – foi possível estabelecer um processo colaborativo para que o app seja uma ferramenta amplamente utilizada pela população LGBTI.

“Queremos que o app Dandarah seja uma fonte de informação para a comunidade LGBTI. Vamos geolocalizar locais seguros para essas pessoas e o cadastro desses ambientes será feito pelos próprios usuários”, explica Angélica Baptista, especialista em saúde digital e que também é uma das pesquisadoras do projeto Resistência Arco-Íris.

Por conta dos altos índices de violência contra a população LGBTI, Dandarah conta com um botão de pânico que, quando acionado, envia imediatamente para cinco pessoas cadastradas pelo usuário, uma mensagem informando que ele(a) se encontra em situação de risco. O aplicativo também será um canal de informação sobre delegacias e serviços de apoio mais próximos e de locais seguros para LGBTI – tudo com contribuição do usuário, que poderá marcar esses locais no mapa.

O Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de países que mais matam pessoas trans no mundo e é um dos mais violentos para pessoas LGBTI em geral. Há ainda uma dificuldade em realizar registros de denúncias e a efetiva a participação da população em ações pensadas para o enfrentamento da violência LGBTIfóbica.

“Além de ser uma ferramenta de extrema importância para nossa população, trazemos neste projeto a participação de pesquisadoras oriundas dos movimentos sociais, e que aplicaram testes do aplicativo em sete cidades brasileiras (Aracaju, Uberlândia, Brasília, Belém, Niterói, Salvador, Francisco Morato e Rio de Janeiro) com o intuito de aperfeiçoar suas funcionalidades, alcançando cerca de 130 pessoas LGBTI, com diversos perfis de classe, raça e gênero, que puderam colaborar com o projeto, ratificando a importância da pesquisa e da parceria entre a academia e os movimentos sociais”, afirma a secretária de Articulação Política da Antra e pesquisadora Bruna Benevides.

O Dandarah foi batizado em homenagem à travesti Dandara Ketlyn – assassinada brutalmente em 2017, no Ceará. O aplicativo está disponível, na versão Beta, na Play Store. Em breve também estará na App Store.

[1] Imagem de Sharon McCutcheon por Pixabay.

Como citar esta notícia científica: Fiocruz. Aplicativo vai mapear zonas de risco para a população LGBT. Saense. https://saense.com.br/2019/12/aplicativo-vai-mapear-zonas-de-risco-para-a-populacao-lgbt/. Publicado em 10 de dezembro (2019).

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