UFMG
09/03/2020

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Uma pesquisa da UFMG, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig.), identificou potenciais funcionais na fruta chichá (Sterculia striata), uma espécie de amendoim mais conhecida como amendoim-de-pau ou amendoim-de-macaco. O estudo, coordenado pela professora Maria das Graças Lins Brandão, foi desenvolvido pela pesquisadora Sarah Prates, com a colaboração de um grupo de pesquisadores, durante o seu mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos da Faculdade de Farmácia.

A pesquisa teve como objetivo avaliar o potencial bioativo das amêndoas do chichá. A ideia era aproveitar o fruto como alimento funcional e disponibilizar mais informações e conhecimentos para a sociedade.

A planta estudada foi coletada na região de Januária, Norte de Minas Gerais, área de proteção ambiental Rio Pandeiros. Já os experimentos foram realizados na própria UFMG. Durante o desenvolvimento do estudo, os pesquisadores encontraram no chichá a presença de rutina, compostos bioativos que estão entre os antioxidantes naturais mais eficazes. “A rutina possui ação oxidante, anti-inflamatórios, antiviral e anticancerígena. Alguns estudos já demonstraram seus efeitos benéficos no tratamento de várias doenças, incluindo hepatotoxicidade, doenças gastrointestinais e diabetes. Estudos em animais a sugerem como um fármaco eficiente no tratamento da isquemia encefálica e da doença inflamatória intestinal”, afirma Sarah.

Além da rutina, no óleo extraído da amêndoa do chichá também foi encontrada uma predominância de ácidos graxos insaturados que, ao serem consumidos, podem ser convertidos em energia para o corpo humano.

Segundo Sarah Prates, a pesquisa disponibiliza informações importantes sobre a fruta, que é pouco conhecida, também, foi possível caracterizá-la como um alimento com potencial funcional. Além disso, pode ser uma maneira de resguardar a planta. “O mais importante desse estudo é poder, por meio dos resultados alcançados, disponibilizar informações e conhecimentos que possam contribuir para a preservação e conservação dessa planta. Considerando, principalmente, que é uma planta nativa do nosso país e, infelizmente, está ameaçada de extinção”, comenta.

A pesquisadora alerta que mais estudos devem ser realizados com a fruta e com o seu óleo, para avaliar os efeitos do seu consumo e o impacto nutricional. “Existem alguns estudos realizados com a Sterculia striata, porém, esse trabalho é inédito, principalmente, em relação aos experimentos de bioacessibilidade que avaliam o que, de fato, fica disponível para a absorção no organismo após o consumo do alimento”, pontua.

O que é o chichá

O chichá é uma árvore que pode chegar até 20 metros de altura e tem flores vermelhas. Seus frutos são uma espécie de cápsula verde, que fica vermelha quando madura. Ao amadurecer, esse invólucro se abre e expõe seus frutos comestíveis, que são semelhantes a uma amêndoa de cor preta.

A fruta está distribuída em todas as regiões do Brasil, principalmente na Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica e com exceção da região Sul. Segundo a pesquisadora, os moradores da região em que foram coletadas as frutas relataram consumir a amêndoa in natura e torrada, porém ainda não existe um cultivo agrícola da planta na área.

[1] Por João Medeiros – Sterculia striata, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=32173875.

Como citar esta notícia: UFMG. Substâncias benéficas para a saúde humana na fruta chichá. Saense. https://saense.com.br/2020/03/substancias-beneficas-para-a-saude-humana-na-fruta-chicha/. Publicado em 09 de março (2020).

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