CCS/CAPES
05/05/2020

Ilustração apresenta quatro substâncias atacando o coronavírus: acima, o fármaco OEW; abaixo, três substâncias naturais. (Foto: arquivo pessoal)

Cientistas coordenados pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) encontraram substâncias naturais que podem servir para fabricação de medicamentos contra a COVID-19. Obtido por meio de recursos informáticos, o resultado indica pistas para orientar futuros testes em laboratório. O estudo foi realizado por uma equipe multidisciplinar e insterinstitucional, que conta com bolsistas da CAPES e de universidades brasileiras e estrangeiras.

Na pesquisa, uma base de dados com 50 mil substâncias, a maioria originada de vegetais, passou por uma avaliação sistemática chamada screening. A intenção foi detectar quais fórmulas teriam capacidade de ação contra a principal enzima (substância com função específica) do vírus SARS-CoV-2, causador da pandemia. Outra ação do estudo foi comparar o resultado com a ação quatro drogas antivirais que estão em testes contra a COVID-19.

Considerada uma das principais moléculas do novo coronavírus, a enzima 6LU7 realiza a replicação do SARS-CoV-2. O estudo tentou identificar substâncias naturais capazes de interromper a ação da 6LU7 e, assim, impedir que o vírus se multiplique. Testes computacionais sugeriram que 40 substâncias apresentam potencial de atacar a enzima 6LU7 de maneira mais eficaz que os fármacos. Dessas, 12 apresentam os melhores desempenhos, podendo ser levadas para a fase seguinte, os testes em laboratório. O passo posterior para se desenvolver um medicamento será o teste em seres vivos. Portanto, a pesquisa bioinformática representa uma etapa preliminar rumo à criação de um remédio – e não apenas no caso da COVID-19.

Geralmente o computador é o ponto de partida do desenvolvimento de novas drogas, informa o biólogo Bruno Andrade, coordenador do estudo na Uesb. “É hoje uma das formas mais baratas e eficientes de se propor o uso de grandes quantidades de moléculas para triagem (milhares ou milhões), com baixo custo e de forma rápida. O que fazemos no computador seria praticamente impossível de se fazer em bancada com essa quantidade de compostos”, avalia o professor do curso de Medicina.

Segundo o pesquisador, o trabalho com a pandemia terá continuidade. “Vamos ampliar o número de moléculas para 700 milhões de compostos em um supercomputador. Com a parceria que fizemos, pretendemos testar as moléculas em bancada (no laboratório)”, projeta Andrade. A repercussão positiva do trabalho estimulou o professor a criar uma nova linha de pesquisa.

Equipe multidisciplinar

Pesquisadores de diversas especialidades e instituições compõem a equipe que produziu o artigo, incluindo quatro bolsistas da CAPES nos níveis de mestrado, doutorado e pós-doutorado. No grupo, trabalharam especialistas em bioinformática, genética, química e virologia de três países: Brasil, Itália e Índia.

Além da Uesb, participaram da pesquisa a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Fundação Oswaldo Cruz. Também integram a equipe cientistas da Virginia Commonwealth University (EUA) e do Institute of Integrative Omics and Applied Biotechnology (Índia).

Como citar esta notícia: CCS/CAPES. Substâncias naturais podem ser remédios contra COVID-19. Saense. https://saense.com.br/2020/05/substancias-naturais-podem-ser-remedios-contra-covid-19/. Publicado em 05 de maio (2020).

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