ESO
31/07/2020

Nebulosa planetária NGC 2899 (Crédito: ESO)

Parecida a uma borboleta com a sua estrutura simétrica, belas cores e padrões intrincados, esta notável bolha de gás — conhecida por NGC 28899 — parece flutuar no céu nesta nova imagem obtida com o auxílio do Very Large Telescope do ESO.Esse objeto nunca havia sido fotografado com detalhes tão impressionantes, sendo mesmo visíveis as bordas exteriores mais tênues da nebulosa planetária brilhando sobre as estrelas de fundo.

As vastas faixas de gás da NGC 2899 se estendem a partir do seu centro até uma distância máxima de dois anos-luz, brilhando intensamente em frente das estrelas da Via Láctea, com o gás atingindo temperaturas superiores a 10 mil graus. Estas elevadas temperaturas se devem à enorme quantidade de radiação emitida pela estrela-mãe da nebulosa, que faz com que o gás hidrogênio na nebulosa brilhe em um halo avermelhado ao redor do gás oxigênio, em azul.

Este objeto, localizado a uma distância da Terra entre 3000 e 6500 anos-luz na constelação austral da Vela, possui duas estrelas centrais, que se acredita serem a razão da aparência quase simétrica da nebulosa. Após uma das estrelas ter chegado ao fim da sua vida libertando as suas camadas exteriores, a outra estrela está agora interferindo com o fluxo de gás, dando origem à estrutura de dois lóbulos que vemos aqui. Este tipo de forma bipolar é visível em apenas cerca de 10 a 20% das nebulosas planetárias [1].

Os astrônomos conseguiram capturar esta imagem extremamente detalhada da NGC 2899 com o auxílio do instrumento FORS (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph) instalado no Telescópio Principal nº1 (Antu), um dos telescópios de 8,2 metros do Very Large Telescope (VLT) do ESO, no Chile. O FORS é um instrumento de elevada resolução e foi um dos primeiros a ser instalado no VLT, sendo o responsável por uma enorme quantidade de imagens notáveis e descobertas do ESO. O FORS contribuiu para observações da radiação emitida por uma fonte de ondas gravitacionais, pesquisou o primeiro asteroide interestelar conhecido e tem sido usado para estudar em profundidade a física por trás da formação de nebulosas planetárias complexas.

Esta imagem foi criada dentro do programa Joias Cósmicas do ESO, uma iniciativa que visa obter imagens de objetos interessantes, intrigantes ou visualmente atrativos, utilizando os telescópios do ESO, para fins de educação e divulgação científica. O programa utiliza tempo de telescópio que não pode ser usado em observações científicas. Todos os dados obtidos podem ter igualmente interesse científico e são por isso postos à disposição dos astrônomos através do arquivo científico do ESO. [1], [2]

[1] Ao contrário do que o nome sugere, as nebulosas planetárias não têm qualquer relação com planetas. Os primeiros astrônomos a observá-las as descreveram como tendo a aparência de planetas. Na realidade, estes objetos se formam quando estrelas velhas, com até seis vezes a massa de nosso Sol, chegam ao final das suas vidas, colapsando e lançando para o espaço conchas de gás em expansão, rico em elementos pesados. A radiação ultravioleta intensa energiza e ilumina estas conchas em movimento, fazendo com que brilhem intensamente durante milhares de anos até que finalmente se dispersam lentamente no espaço, o que torna as nebulosas planetárias fenômenos relativamente curtos em termos astronômicos.

[2] Esta notícia científica foi traduzida por Margarida Serote (Portugal) e adaptada para o português brasileiro por Eugênio Reis Neto.

Como citar esta notícia: ESO. Borboleta espacial capturada por telescópio. Tradução de Margarida Serote (Portugal) e adaptada para o português brasileiro por Eugênio Reis Neto. Saense. https://saense.com.br/2020/07/borboleta-espacial-capturada-por-telescopio/. Publicado em 31 de julho (2020).

Notícias científicas do ESO     Home