Fiocruz
04/08/2020
A chikungunya é uma doença causada por um vírus transmitido através da picada do mosquito Aedes aegypti, que pode causar sintomas como febre, vermelhidão na pele e dores no corpo. Segundo o Ministério da Saúde, de janeiro a junho deste ano foram notificados mais de 48.300 casos prováveis da doença no Brasil. A região Nordeste apresentou as maiores taxas de incidência, sendo 48,3 casos/100 mil habitantes. Apenas o estado da Bahia concentrou cerca de 45% dos casos prováveis de chikungunya do país.
Um aspecto importante da doença é que estima-se que metade dos indivíduos infectados desenvolve dores crônicas debilitantes nas articulações, o que afeta a qualidade de vida e aumenta a carga dos sistemas de saúde. Por isso, pesquisadores da Fiocruz Bahia realizaram um estudo para identificar as variáveis clínicas e demográficas relevantes na fase aguda da chikungunya, em busca de elencar um conjunto de características que possam indicar os pacientes que possuem maior probabilidade de desenvolver artralgia crônica (dores nas articulações a longo prazo).
Esse prognóstico pode ser útil para rastrear pacientes que irão necessitar de cuidados especiais e para também orientar políticas públicas de saúde, além de poder propiciar ao paciente tratamento precoce, diminuindo a sobrecarga do sistema de saúde. Os resultados do trabalho coordenado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Viviane Boaventura, foram publicados na revista científica Plos Neglected Tropical Diseases.
O estudo faz parte de um projeto maior denominado Mitigando o Impacto da Artralgia Crônica Pós-Chikungunya, com foco no desenvolvimento de fármacos para tratamento da doença, que está concorrendo ao Prêmio Euro Inovação na Saúde.
No primeiro momento da pesquisa, um grupo de pessoas diagnosticadas com chikungunya foram avaliadas, entre 2016 e 2018, em cidades da Bahia e Ceará. Posteriormente, os achados foram validados em outro grupo de pacientes, no município de Feira de Santana (BA).
Como resultado, foram detectadas cinco características que representam bons preditores de artralgia crônica: indivíduos do sexo feminino, hipertensos, que tiveram edema na pele e dor retro-ocular durante a infecção e idade maior que 26 anos. A partir desses dados, os cientistas desenvolveram um sistema de pontuação que denominaram de Shera (sigla em inglês para sexo, hipertensão, edema, dor retro-ocular e idade).
De acordo com os pesquisadores, essa ferramenta consegue prever 8 em cada 10 indivíduos com chikungunya que persistirão com dor articular por pelo menos um ano após o início da enfermidade. Além disso, o sistema de pontuação fácil de usar pode ser aplicado em áreas com acesso limitado à serviços de saúde. [2]
[1] Imagem: Luckystep, Freepik.
[2] Fonte: Fiocruz Bahia.
Como citar esta notícia: Fiocruz. Chikungunya – ferramenta prevê dores a longo prazo. Saense. https://saense.com.br/2020/08/chikungunya-ferramenta-preve-dores-a-longo-prazo/. Publicado em 04 de agosto (2020).