CCS/CAPES
10/09/2020

(Foto: Arquivo pessoal)

Marina Padilha é formada em Nutrição e Metabolismo pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Nutrição pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é também mestre e doutora em Ciências pela USP. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) no doutorado, ela analisou como uma dieta induzida pode influenciar a produção de bactérias benéficas para a saúde em mães lactantes.

Fale um pouco sobre o seu trabalho.
Recentemente publicamos o trabalho Response of the Human Milk Microbiota to a Maternal Prebiotic Intervention is Individual and Influenced by Maternal Age na revista científica Nutrients. Neste trabalho investigamos se a suplementação materna com o prebiótico fruto-oligossacarídeo poderia influenciar a microbiota do leite materno

Dividimos as participantes em 2 grupos: grupo que recebeu suplementação com fruto-oligossacarídeo (n=25) e grupo controle que recebeu placebo (n=28). Foram 20 dias de intervenção e coletamos amostras de leite materno antes e após este período.

Após as análises da população de micro-organismos das amostras de leite, identificamos uma maior mudança desta população no grupo que recebeu o prebiótico. Percebemos que as respostas à intervenção foram individuais e que as maiores mudanças ocorreram nas participantes mais jovens.

Como se deu o interesse em trabalhar com o assunto?
Desde a graduação desenvolvi grande interesse pelas áreas da pediatria e materno-infantil. Realizei iniciação científica em pediatria e subsequentemente uma especialização na área. No doutorado tive a oportunidade de aprofundar o conhecimento acerca do leite materno e de características maternas que poderiam influenciar a comunidade de micro-organismos naturalmente presentes no leite materno, a qual é importante no processo de colonização intestinal e desenvolvimento do sistema imune do bebê.

Qual o objetivo da pesquisa?
Investigar se a suplementação materna com o prebiótico fruto-oligossacarídeo poderia influenciar a microbiota do leite materno.

Qual a importância do trabalho para o Brasil?
A população estudada foi brasileira, portanto, haveria um impacto específico para a realidade brasileira.

Isso tem impacto no âmbito internacional?
Embora estudos multicêntricos sejam necessários, acreditamos que o resultado encontrado no estudo possa ser extrapolado para populações de outros países.

O que ele traz de diferente daquilo que já é visto na literatura?<
Nosso trabalho é inédito no sentido de investigar o efeito de uma suplementação materna com prebiótico sobre a comunidade de micro-organismos do leite humano. O estudo destaca a possibilidade de modular a microbiota do leite humano, o que poderia ser futuramente aplicado para a prevenção de doenças relacionadas à microbiota, na mãe ou no bebê.

Qual a importância do apoio da CAPES?
O apoio da CAPES foi importante pelo oferecimento de bolsas de estudos no âmbito PROEX (Programa de Financiamento às Exportações). Fui contemplada no início do mestrado e no início do doutorado.

Quais são os próximos passos?
Os próximos passos são investigar se mudanças encontradas no leite materno após a suplementação materna de fato influenciariam na microbiota/saúde do bebê. Seria interessante investigar se algum outro fator estaria relacionado à maior mudança em mulheres mais jovens. Nesse sentido é possível que a dieta materna e a microbiota intestinal antes da intervenção poderiam influenciar nos efeitos encontrados.

Ainda seria interessante investigar se a intervenção com o prebiótico teria alguma influência sobre a composição de HMOs (do inglês, Human Milk Oligosaccharides) do leite humano, os quais são prebióticos naturais do leite materno.

Como citar esta notícia: CCS/CAPES. Dieta induzida pode melhorar leite humano. Saense. https://saense.com.br/2020/09/dieta-induzida-pode-melhorar-leite-humano/. Publicado em 10 de setembro (2020).

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