Embrapa
11/01/2021

Conflito com pedestres (Foto: Laerte Scanavaca)

Cientistas avaliaram a arborização urbana em Mogi Guaçu, SP, de acordo com o poder aquisitivo em cinco bairros, em 15 quarteirões por bairro, totalizando 1.299 árvores. Foram encontradas 57 espécies de 24 famílias, sendo 23% nativas e 77% exóticas. Três espécies mostraram ocorrência superior a 10%, e nestas espécies a ocorrência de pragas e doenças foi muita maior que nas demais espécies. Mais de 60% das árvores eram de pequeno porte. Não houve correlação do Índice de Área Verde com o poder aquisitivo da população. 

Conforme o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) e um dos autores do estudo, Laerte Scanavaca Júnior, as ilhas de calor das cidades acontecem devido ao uso de materiais de baixa refletividade, baixa permeabilidade, poluição, e a silvicultura urbana pode aliviar esses problemas purificando o ar, absorvendo metais pesados e poluição sonora, além de reduzir o risco de inundações.

No Brasil, mais de 84% da população vive em centros urbanos, e no estado de São Paulo, esse percentual é superior a 93%, de acordo com o IBGE. Mogi Guaçu possui um índice de área verde médio de 10,85 m² por habitante, com bom potencial para aumento com baixo custo, pois existem muitos espaços vazios e as árvores que apresentam problemas podem ser substituídas por outras de grande porte, da floresta nativa nas proximidades da cidade. As do Parque São Marcelo, pertencente ao município, seriam mais adequadas, acreditam os pesquisadores, porque atrairiam a fauna, diminuindo os riscos de pragas e doenças.

No processo evolutivo, as espécies selecionam seus polinizadores e dispersores (simbiose). Dessa forma, as espécies nativas são mais interessantes, pois atraem a fauna a elas associadas, tornando o ambiente mais agradável. 

O pesquisador alerta que árvores requerem manutenção e poda adequada. No entanto, todos os estudos mostraram que os benefícios superam os custos à taxa de 1,52 a 6,13 por dólar investido. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma área de vegetação mínima de 12 m² por habitante para uma boa qualidade de vida, e poucos municípios brasileiros alcançam esse índice, embora a legislação obrigue os com mais de 20 mil habitantes a terem um Plano Diretor de Florestas Urbanas.

De acordo com os autores, as árvores estavam em boas condições em mais de 90% da população. Houve poucos conflitos com a infraestrutura, sendo o principal deles com raízes, que em geral pode ser facilmente corrigido. Os benefícios das árvores urbanas estão nas copas, onde com o processo de fotossíntese, gases tóxicos, metais pesados e poeira são absorvidos e o oxigênio e a água são eliminados. A absorção de ruído também é proporcional ao volume da copa, portanto, quanto maior a árvore e, consequentemente, a copa, maiores os benefícios; desta forma, em calçadas sem fiação deveriam ser plantadas árvores de grande porte. Uma árvore pequena gera US$ 44,00 por ano de retorno para cada dólar investido, enquanto uma árvore grande gera US$ 140,00 por ano.

O estudo completo de Laerte Scanavaca Júnior e Rony Corrêa da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) foi publicado no Brazilian Journal of Agriculture v.95, n.3, p. 175 – 190, 2020. [1]

[1] Texto de Cristina Tordin.

Como citar esta notícia: Embrapa. Estudo comprova importância da arborização urbana. Texto de Cristina Tordin. Saense. https://saense.com.br/2021/01/estudo-comprova-importancia-da-arborizacao-urbana/. Publicado em 11 de janeiro (2021).

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