Fiocruz
02/06/2021

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Um estudo recentemente publicado visou a produção de nanopartículas poliméricas contendo 17-DMAG, um inibidor da Hsp90, que é a proteína mais abundante no citosol de células eucarióticas, envolvida na manutenção da homeostase celular. Essas nanopartículas poliméricas demonstraram um potencial uso como um tratamento inovador contra leishmaniose cutânea. O trabalho, liderado pela pesquisadora da Fiocruz Bahia, Patrícia Veras, contou com a colaboração dos especialistas em nanopartículas da Fiocruz Pernambuco, Fábio Formiga, e do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz), Helvécio Rocha.

Em pesquisas anteriormente publicadas, o grupo da pesquisadora Patrícia Veras demonstrou que inibidores da Hsp90, como os antibióticos da família das ansamicinas benzoquinonas, geldanamicina, 17-AAG e o 17-DMAG, apresentam alto potencial para serem utilizados no tratamento da leishmaniose, por causarem a morte dos parasitos em concentrações que não são tóxicas para as células hospedeiras. A incorporação do 17-DMAG em nanopartículas poliméricas, que são sistemas de liberação controlada, pode ajudar a prevenir ocorrências de toxicidade descritas para esse composto. Os principais achados desse estudo foram descritos em artigo publicado no periódico Frontiers in Chemistry.

Para produzir nanopartículas de pequenos tamanhos e com alta eficiência de encapsulamento do inibidor hidrossolúvel, 17-DMAG, os pesquisadores testaram dois protocolos distintos de dupla emulsão. Comparativamente, um dos métodos produziu nanopartículas com tamanho médio de 305 nm, enquanto que o outro produziu nanopartículas com cerca de 489 nm. A partir dessa comparação, os pesquisadores realizaram modificações nas massas dos reagentes utilizados na formação das nanopartículas, para obter os melhores resultados de tamanho, carga e eficiência de encapsulamento do 17-DMAG. Após finalizados os testes, os autores do trabalho conseguiram obter nanopartículas com tamanho médio de 297,2 nm e eficiência de encapsulamento do 17-DMAG de 31,6%.

Após a padronização do protocolo de produção das nanopartículas, a equipe avaliou as características microscópicas, o perfil de liberação do fármaco, a partir das nanopartículas, ao longo do tempo e se os macrófagos, células hospedeiras para a Leishmania, seriam capazes de captá-las. Os resultados obtidos pelos pesquisadores mostraram que as nanopartículas produzidas apresentaram formatos esféricos e regulares e com aspecto liso de superfície. Segundo os pesquisadores, a 37°C, cerca de 16% do 17-DMAG é liberado das nanopartículas até 72 horas de incubação, confirmando o perfil de liberação controlada desse sistema.

Por fim, os pesquisadores observaram também que os macrófagos foram capazes de captar e manter as nanopartículas no seu citoplasma desde os tempos mais curtos de incubação, como 30 minutos, uma, duas, quatro ou seis horas, até tempos mais tardios como 24h, 48h e 72h. Em conjunto, os resultados publicados desse estudo descrevem um protocolo promissor para produção de nanopartículas poliméricas contendo 17-DMAG, que podem ser futuramente avaliadas quanto à toxicidade e os efeitos antileishmania, tanto in vitro quanto in vivo. [2]

[1] Imagem: Fiocruz.

[2] Fiocruz Bahia.

Como citar esta notícia: Fiocruz. Pesquisa gera potencial tratamento contra a leishmaniose. Saense. https://saense.com.br/2021/06/pesquisa-gera-potencial-tratamento-contra-a-leishmaniose/. Publicado em 02 de junho (2021).

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