Fiocruz
13/09/2021

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O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou alerta de que “os impactos das mudanças climáticas colocam quase todas as crianças em risco”. De acordo com o Fundo, tais impactos são “devastadores sobre o bem-estar e o futuro das crianças”.

No relatório A crise climática é uma crise dos direitos da crianças, o Unicef afirma que “a não ser que haja grandes investimentos em adaptação e resiliência dos serviços sociais para as 4,2 bilhões de crianças que irão nascer nos próximos 30 anos, elas irão encarar riscos crescentes de sobrevivência e bem estar”.

O Fundo também relata:

“Investimentos que melhorem o acesso a serviços de saúde e nutrição podem reduzir consideravelmente o nível geral de risco climático para 460 milhões de crianças. A melhoria no acesso a serviços de saúde pode incluir, por exemplo, o investimento em serviços de cuidados maternos e neonatais de qualidade, suporte a programas de imunização, e suporte a serviços de prevenção, promoção, e cura para pneumonia, diarreia, malária e outras condições de saúde infantil”.

O alerta vem após 2020, ano mais quente já registrado pelos serviços metereológicos. “Os níveis atmosféricos de dióxido de carbono são os mais altos em pelo menos 3,5 milhões de anos”, atesta o Unicef. Pessoas de todas as faixas etárias enfrentam impactos relacionados ao clima, como secas e enchentes severas, poluição do ar e escassez de água, alteração no fluxo de chuvas, mas especificamente – relava o Unicef – “quase todas as crianças na Terra estão expostas a pelo menos um desses riscos climáticos e ambientais”.

O órgão alerta que “sem ação urgente, este número aumentará. Aproximadamente 1 bilhão de crianças já correm risco ‘extremamente alto’ dos impactos da crise climática”.

Embora não seja novo, o alerta dá nova magnitude – números estimados de bilhões de crianças – para estudos que já relatavam o impacto da crise climática sobre a saúde. Sabe-se, por exemplo, que o aquecimento global permite a expansão dos territórios de sobrevivência dos mosquitos, o que pode gerar o aumento de casos de febre amarela, dengue, febre chikungunya, zika e malária, por exemplo. A dificuldade de acesso à água potável, por sua vez, pode facilitar a disseminação de doenças como o rotavírus e outros causadores de diarreias nas crianças.

Em Mudanças climáticas e arboviroses, a pesqusiadora Tamara Nunes relata que “caso a emissão de gases de efeito estufa não seja controlada, a previsão, segundo alguns modelos, é que, no final do século XXI, a temperatura média global aumente de 1.8ºC a 4ºC. O impacto desse aumento poderá ser sentido em diversas áreas do mundo: para 2030-2040, o risco de expansão de doenças transmitidas por vetores na América do Sul é elevado caso não ocorra alguma intervenção. Risco similar é previsto para o continente africano no mesmo período”.

Por sua vez, mesmo antes da disseminação do SARS-CoV-2, e consequentemente da COVID-19, o pesquisador Fadel David Antonio Filho, já alertava em O aquecimento global e a Teoria de Gaia: subsídios para um debate das causas e consequências que “a invasão de espaços virgens e silvestres tem levado o ser humano a entrar em contato com microrganismos nocivos, contra os quais não tem defesa imunológica. Trata-se de vírus altamente patogênicos, como o vírus HIV, o Ebola e os rotavírus que até então estavam ‘isolados’ nos seus habitats restritos e inviolados”. [2]

[1] Imagem: Unicef_Schermbrucker.

[2] Texto de Paulo Schueler.

Como citar esta notícia: Fiocruz. Crise climática e saúde infantil.  Texto de Paulo Schueler. Saense. https://saense.com.br/2021/09/crise-climatica-e-saude-infantil/. Publicado em 13 de setembro (2021).

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