Tábata Bergonci
24/08/2016
“Baby, eu nasci desse jeito!” canta Lady Gaga, se referindo aos homossexuais, bissexuais e transexuais, em uma famosa música de 2011.
De fato, nas últimas duas décadas, cientistas vêm aumentando as evidências de que a homossexualidade não é uma escolha, mas sim determinada pela genética. Muitas pesquisas em sexualidade começam a demonstrar isso. Por exemplo, sabemos que a homossexualidade é mais comum em parentes biológicos de outros homossexuais do que de heterossexuais [2]. Estudos também mostram que a chance de que gêmeos idênticos sejam ambos homossexuais é mais alta do que para irmãos não gêmeos [3]. Recentemente, um estudo com 409 pares de irmãos gêmeos homossexuais, o maior realizado até hoje, encontrou duas regiões contendo genes que influenciam o desenvolvimento da orientação sexual [4].
O DNA é composto por nucleotídeos. Quando apenas um nucleotídeo é trocado na sequência de um gene, chamamos isso de SNP (polimorfismo de nucleotídeo único). Os pesquisadores analisaram os genomas dos 818 indivíduos (gêmeos homossexuais) e também o genoma de mais 90 familiares não-homossexuais desses gêmeos. A análise encontrou SNPs em diversos genes. Isso significa dizer que homossexuais têm alguns genes cuja sequência tem uma única alteração, se comparada aos mesmos genes em heterossexuais. Em geral, uma pequena mudança na sequência gênica pode fazer com que o gene se expresse de maneira diferente entre os indivíduos, originando diferentes características. No estudo, as regiões com mais SNPs encontrados estão presentes no cromossomo 8 e no cromossomo X (que é um dos cromossomos sexuais).
Dentre os genes com SNPs, muitos estão relacionados ao desenvolvimento neuronal ou participam na neurotransmissão. Isso significa dizer que a orientação sexual parece ser determinada antes do nascimento. Algumas descobertas são interessantes: um gene expresso no cérebro, chamado CNGA2, é essencial para que exista comportamento sexual dependente de odor (o odor está ligado aos níveis de testosterona e é importante para a comunicação sexual) [5]. Outros dois genes encontrados, AVPR2 e NPBWR1, têm relação com o comportamento e interação social em ratos [6].
Então está tudo explicado? Sequências diferentes nos genes determinam a orientação sexual do indivíduo? Não, nada é tão simples na natureza. Existem irmãos gêmeos (genomas idênticos) onde um é homossexual e o outro heterossexual, mostrando que os genes não conseguem explicar tudo. Mas a explicação para este fato parece ainda estar na genética, mais precisamente, epigenética. Simplificando, existem fatores que “ligam” e “desligam” nossos genes, e isso faz com que indivíduos com genomas idênticos possam ter características diferentes. Cientistas já encontraram pelo menos cinco regiões no genoma humano que são diferentes entre homo e heterossexuais, ou seja, alguns genes estão “ligados” em homossexuais e “desligados” em heterossexuais, e vice-versa. Evidências sugerem que essas diferenças são dependentes da posição do feto no útero e também da quantidade de sangue que o feto recebe da mãe [7].
A existência de homossexuais do sexo masculino sempre foi um paradoxo genético evolutivo, já que este existe em diversas espécies apesar da menor disposição para procriação que os indivíduos homossexuais possuem (com consequente não passagem dos genes para os filhos). Curiosamente, mulheres que apresentam a variante de genes homossexuais masculinos não são necessariamente homossexuais e apresentam maior fertilidade. Assim, a alta fecundidade dessas mulheres na população parece “compensar” a taxa de homossexualidade masculina [8]. Alguns estudos mostram que certos genes relacionados à atração por homens parecem “funcionar” tanto em homossexuais, quanto em mulheres, e, no sexo feminino, isso leva ao aumento do sucesso reprodutivo.
Os últimos estudos sobre orientação sexual são, no mínimo, interessantes. Nossa sequência de DNA, juntamente com a epigenética, explica o porquê de mães e pais heterossexuais poderem ter filhos homossexuais, sendo o contrário também verdadeiro. Além disso, as descobertas em epigenética mostram o quanto o ambiente pode influenciar a orientação sexual do indivíduo, desde antes do nascimento. Do mesmo modo que nascemos com olhos castanhos ou azuis, temos nossa sexualidade intrincada ao nosso DNA. E aqui não me demoro nas questões de preconceitos. Deixo só o que Milton Nascimento cantava em 1975, e que hoje serve de tema para as manifestações contra homofobia: “Qualquer maneira de amor vale à pena”.
[1] Crédito da imagem: Aaron Edwards (Flickr) / Creative Commons (CC BY-NC 2.0). URL: https://www.flickr.com/photos/evill1/113813037/.
[2] K Alanko et al. Common genetic effects of gender atypical behavior in childhood and sexual orientation in adulthood: a study of Finnish twins. Archives of Sexual Behavior 39, 81 (2010).
[3] G Schwartz et al. Biodemographic and physical correlates of sexual orientation in men. Archives of Sexual Behavior 39, 93 (2010).
[4] AR Sanders et al. Genome-wide scan demonstrates significant linkage for male sexual orientation. Psychological Medicine 45, 1379 (2015).
[5] M Milinski et al. Major histocompatibility complex peptide ligands as olfactory cues in human body odour assessment. Proceedings of Royal Society B 280, 20122889 (2013).
[6] R Nagata-Kuroiwa et al. Critical role of neuropeptides B/W receptor 1 signaling in social behavior and fear memory. PloS One 6, e16972 (2011).
[7] M Balter. Can epigenetics explain homosexuality puzzle? Science 350, 6257 (2015).
[8] A Camperio Ciani et al. Sexually antagonistic selection in human male homosexuality. PloS One 3, e2282 (2008).
Como citar este artigo: Tábata Bergonci. Homossexualidade é genética (e não há “cura”). Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/08/homossexualidade-e-genetica-e-nao-ha-cura/. Publicado em 24 de agosto (2016).
Excelente texto, parabéns… Eu só fico imaginando, e eu sempre olho o lado negativo kkk, que ao ler um texto como esse passem a achar que o homossexualismo é uma mutação gênica, um erro no genoma ou algo assim… as vezes acho que estamos tentando achar explicação para o que não precisa… e que isso da mais margem para o preconceito!! Uma pena que ainda exista preconceito.
Mais uma vez parabéns pelo texto.
Pois é, Luana, sempre que leio sobre esses estudos fico pensando a mesma coisa: as pessoas vão começar a querer “deletar” ou “arrumar” o genoma alheio. O preconceito é muito difícil de combater, mas ainda temos que acreditar que a educação e a ciência são possíveis caminhos!!! Obrigada pelos produtivos comentários.
Pois é muitas pessoas iriam mudar isso mas aí penso q cada um tem o direito de mudar sua sexualidade se ela não o faz feliz a homossexualidade é uma condição então querer mudar isso tem que ser uma decisão de livre escolha e se a ciência Chegar a esse patamar super apoio q as pessoas se assim quiserem mudar não somos ninguém pra dizer como o outro deve ou não ser feliz.
Também concordo que cada um edite o próprio genoma, Caroline, se um dia formos mesmo capazes de fazer isso com tanta “tranquilidade”. O meu comentário acima foi mais na questão de pessoas quererem mexer no genoma dos outros de acordo com o que acham “certo ou errado”, como já vemos em tantos outros campos da vida no dia a dia.
Compreendo isso seria realmente um problema até porque iríamos entrar no conceito hitleriano de perfeição e Eugenia humana daí então a Desigualdade que se já não bastasse grande seria ainda maior. Que Deus não permita essa violência a dignidade humana.
kkkkkkk vamos tirar as pessoas da “condição” de hétero, pois ser gay é muuuuuito mais legal 😉
Olá, Dra. Tábata… eu aqui só prá dizer que adorei a frase: “as pessoas vão começar a querer “deletar” ou “arrumar” o genoma alheio”. Mas os humanos analfabetos são de lascar, não é mesmo? kkkkkkkkkk… Parabéns, sua linda. FernandoTeixeira – Pianista
Obrigada, Fernando =)
Entendo que a senhora, como cientista e doutora em genética, não deveria assinar uma matéria com o título “Homossexualidade é genética” e no texto afirmar : “Isso significa dizer que a orientação sexual PARECE ser determinada antes do nascimento”. Parece, só significa que podemos ou não continuar pesquisando.
Depois lemos ainda que : “Os últimos estudos sobre orientação sexual são, no mínimo, INTERESSANTES.”, Interessante está muito longe de ser uma “verdade” científica. Vi ao longo de minha vida, muitas pesquisas que pareciam verdades ou que eram interessantes, jamais se tornarem aceitas pela comunidade científica.
Na conclusão, ainda se utiliza de uma afirmação NÃO comprovável : “Do mesmo modo que nascemos com olhos castanhos ou azuis, temos nossa sexualidade intrincada ao nosso DNA”.
Com todo o respeito, essa não é uma forma ética de se divulgar ciência.
Concordo Fernando, muito “partidarismo ” científico. Lamentável.
Esse artigo, como já expliquei acima, é além de científico, jornalístico, o que significa que pode conter SIM a opinião do autor, afinal, ninguém é IMPARCIAL 100%. Mas lendo com atenção meu texto você pode ver com perfeita distinção aonde dou minha opinião e aonde exponho o que diz os artigos que cito.
Fernando acho que você se confundiu um pouco na leitura.
O título do texto está certo, porque como mostra os vários artigos que citei (e existem milhares comprovando, não só esse), homossexualidade é genético. Já quando eu digo que PARECE que a sexualidade é determinada antes do nascimento, tem a ver com a parte epigenética que também expliquei, porque ela poderia ser genética e o gene se manifestar após o nascimento, mas todas as evidências apontam para que isso esteja ocorrendo antes do nascimento. O que não muda o fato de ser genético, a dúvida está mais para quando ela começa a se manifestar.
Eles são interessantes na minha opinião, e são verdadeiros, estão publicados nas melhores revistas científicas do mundo. Antes de serem publicados, passam por critérios rigorosos de revisão do método científico. Quem faz a revisão são outros cientistas conceituados sem ligação nenhuma com o grupo que está publicando.
O que diz se um artigo científico será “aceito” ou não pela comunidade científica é o número de citações destes. Você pode checar o número de citações de todos os artigos que citei, eles estão bem citados, apesar de serem extremamente novos (na ciência, leva-se pelo menos dois anos para que um artigo seja MUITO citado, pois o processo de fazer pesquisa e publicar é lento).
Gostaria que você citasse uma publicação científica bem citada, em revista conceituada, que não tenha sido retratada pelo próprio grupo de pesquisa, que não foi “aceita” pela comunidade científica. Eu estou aqui tentando lembrar de alguma e não estou encontrando.
Está completamente comprovada que a cor dos olhos e a sexualidade está intrincada no nosso DNA. Não fui eu quem disse, foi o mundo todo científico que trabalha com isso (e eles não tem interesses pessoais nisso, pode ter certeza, pra eles se os resultados fossem o contrário, não faria nenhuma diferença).
Em relação a minha ética estou tranquila. Minha obrigação como cientista é divulgar para a população o que temos de novidade na ciência, especificamente na minha área, genética. Você como cidadão livre pode escolher ler ou não, acreditar nos artigos ou não, o que não vão torná-los menos verdadeiros.
Espero ter esclarecido suas dúvidas. Se você ler atentamente o artigo você conseguirá distinguir o que é a parte científica (tem uns numerozinhos que mostram os artigos que li) e o que é minha opinião (a música do Milton Nascimento, por exemplo).
Se eu fosse te dar um conselho, diria pra você pensar bem no que significa “ética” antes de sair acusando alguém de anti-ético só porque a sua opinião (OPINIÃO) é de que a ciência colocada aqui (embasada por artigos científicos extremamente sérios) não é verdade.
Concordo Fernando, esses estudos ainda não provam, apenas dizem que possivelmente… Eu acredito que possa ter os dois lados “talvez” fatores genéticos e fatores não genéticos. Acredito estar claro, que crianças definem a percepção de sentir-se menino ou menina na convivência e através de experiências. Agora não discordo que “possa” também ter influência genética. Mas até aí, me parece ainda que estamos no campo da suposição.
Mas vc parou pra pensar que ate a altura e a cor dos olhos ,assim como muitas características são alterações genéticas? Isso torna a sexualidade como uma característica da pessoa , n uma doença
Por isso a homossexualidade não é tratada mais como uma doença
Exatamente, Laiana.
Laianda, acredito que aqui tenha uma mistura de ideias. O fato da cor dos olhos serem determinados pela genética não necessariamente quer dizer que a sexualidade também é definida. Assim como, dizer que a mesma “possa” ser definida pelo convívio/ambiente, não quer dizer, necessariamente que seja doença.
*homossexualidade
O texto é bom e claro em vários aspectos, mas peca e se contraria ao utilizar o termo homossexualismo. O sufixo “ismo” remete a doença e o objetivo aqui é esclarecer que não há cura para homossexualidade justamente porque não é doença.
Olá Tarsila, obrigada pelo comentário.
Entendo que alguns possam tratar a palavra como doença, e talvez até possamos deixar de usar o sufixo para não haver “confusão”.
Conforme o dicionário Aulete Digital, o sufixo “ismo” pode ser empregado em diversas palavras, com muitos significados diferentes. Entre estes “comportamento, condição, opção ou preferência sexual de’: bissexualismo, homossexualismo, lesbianismo”.
“Ao contrário do que algumas pessoas pensam, o fato de ter um mesmo morfema não garante que haja uma mesma interpretação da palavra em si.”
Acho que, assim como eu, ninguém nunca ouviu falar em heterossexualismo, e sim heterossexualidade. O sufixo “-ismo” referente aos outros status sexuais que não a heterossexualiade são sim termos pejorativos !!!
João, já expliquei sobre o sufixo “ismo” e para não criar desconforto para alguns, alterei a expressão no texto.
Achei super interessante e legal, parabéns.
Só me incomodou a utilização do termo “homossexualismo” onde o correto seria homossexualidade. Espero que seja feita a correção, obrigado!
Tabata, eu li seu esclarecimento sobre o assunto. Mas infelizmente o termo ismo ainda é pejorativo, mesmo o uso sendo correto em alguns casos. Quanto mais desassociarmos termos com o preconceito com o público em geral, seria melhor =D
Olá Guilherme,
Obrigada pelos comentários.
O texto será alterado, em breve.
Tábata, primeiro queria parabenizá-la pelo o texto que está incrível, segundo, gostaria de saber se você sabe ou tem alguma informação sobre se o “grau” (nesse caso, eu sei que to usando o termo errado, mas não sei como usar um termo melhor, tipo, em relação à pessoa ser homo, bi, trans, pan… enfim, acho que dá pra entender) de homossexualidade seria algo determinado pelo genótipo ou se seria algo mais como um fenótipo ?
Ps. Eu sei que o termo “grau” foi usado errado, mas não sei como exemplificar melhor
Olá Julio,
Apesar de já termos pelo menos duas décadas de estudos genéticos com relação ao tema, ainda temos muito que avançar. Muito provavelmente as diversas variações, em diversos genes, vão formar um gradiente que irão da heterossexualidade até a homossexualidade. Eu acredito que o ambiente acabe interferindo também no “grau” dessa homossexualidade/heterossexualidade.
O comum na natureza não são apenas dois lados de uma moeda, na maioria das características sempre teremos um gradiente e a maioria das pessoas, no caso da sexualidade, estará nesse meio, tendendo pra um ou outro lado, ou mesmo ficando completamente “no meio”.
Bons estudos nesse sentido, para tentar entender como o “grau” de homo/heterossexualidade é gerado, terão que ser realizados com base na genética, ambiente, psicologia, enfim, um estudo amplo que implicará em diversos fatores envolvidos.
Muito obrigada pelo comentário, se preferir, pode entrar em contato por email tabatab@usp.br
Ah, entendi… Bem, muito obrigado por esclarecer, qualquer coisa eu entro em contato
Ola, gostei muito do texto embora a palavra “homossexualismo” tenha me incomodado um pouco, visto que “ismo” é sinônimo de doença, o certo é homossexualidade..Enfim, espero que os preconceituosos não usem desses estudos para destilar o ódio e tentar achar uma “cura” para a “”aberração cromossômica””. Sucesso e parabéns! Abç
Olá Mariana, como já expliquei acima, “ismo” não é sinômimo de doença, apenas é mais uma das funções desse sufixo. Porém, para não haver mais incômodos, a palavra já foi retirada do texto.
Muito obrigada pelos comentários.
Abraços,
Sufixos que indica doença ou inflamação: “ite” (endocardite, pancreatite, etc ) ou “ose” (tuberculose, brucelose, etc).
O “ismo” também é usado para condições patológicas: reumatismo, sonambulismo…
“ISMO” é um sufixo nominal, de origem grega, que exprime ideias de fenómenos linguístico, sistema político, doutrina religiosa, sistema filosófico, tendência literária … e até condições relativas à saúde. Portanto, este sufixo pode ser usado para EXPRESSAR UMA CONDIÇÃO OU FENÔMENO. Mas, interpretar “homossexualismo” como sendo doença… tenha dó – que retrocesso!! Se deixássemos por conta dessas pessoas retrógadas estariam jogando os homossexuais em fogueiras.
Elena
Obrigada pelos excelentes comentários, Elena!
Texto com referências <3
Ganhou um seguidor no site!
Obrigada, Lázaro. Fico feliz!
Oi Tábata, Ao ler seu artigo fiquei pensativa sobre algumas leituras que fiz a algum tempo e me deixaram curiosa. Espero que você possa me ajudar rs. Li a algum tempo atrás sobre a alteração no comportamento sexual de peixes causado pelo aumento a sua exposição à substâncias químicas presentes na água (agora não sei ao certo se a mudança foi no comportamento dos peixes expostos ou dos filhotes deles, se havia alguma mudança genética). Como essas substâncias estão em níveis cada vez maiores, existem uma preocupação sobre a reprodução deles futuramente. Sabendo que a maioria dessas substâncias são cumulativas no corpo deles, e que nosso consumo de peixes aumentou e que a contaminação deles também aumentou, por consequência estamos consumindo peixes contaminados. Quando li sobre os peixes fiquei pensativa se haveria alguma relação entre consumos de peixes contaminados e a nossa maior exposição a estas substâncias, com alterações nesse sentido no ser humano. Já que as mudanças nos peixes são fato, poderia por bioacumulação estar causando alguma mudança nos seres humanos também? Já leu algo sobre isso? Seria um fator a mais para causar essas alterações?
Olá Gabriela, muito obrigada pelos comentários.
Primeiramente, acredito que temos que tomar cuidado quanto a algumas ideias, já escutei pessoas preconceituosas utilizando do argumento alimentar para justificar o surgimento de gays. Infelizmente, o preconceito encontra justificativas em tudo.
Como cientista, não posso dizer que isso não possa ser verdade, mas acredito que tenhamos mínimas chances de que seja. A homossexualidade existe em outros animais, e existe na espécie humana desde que nos conhecemos como espécie. O fato de parecer existir mais homossexuais hoje, é que vivemos em um mundo globalizado e conectado, onde podemos inclusive fazer levantamentos do número de gays, trans, etc. Ainda, as bandeiras contra o preconceito vêm surgindo efeito e as pessoas estão se sentindo mais “a vontade” para ser quem são. Juntando esses dois fatores, eu acredito que não estamos tendo um aumento de homossexuais na sociedade, e sim temos uma descoberta/revelação desses homossexuais.
Sobre os trabalhos com os peixes, eu teria que lê-los para comentar o meu pensamento. Mas também temos que lembrar que mesmo que isso esteja acontecendo com eles, não necessariamente acontecerá com nossa espécie.
Abraços.
Entendo que pré-conceito significa um conceito formado antecipadamente antes mesmo de conhecer. Um conceito fundamento, argumentado, não é pré conceito. Cientificamente falando, a funçãod o esperma é fecundar para um óvulo, um pênis tem a função natural de entrar na vagina para que o esperma alcance o óvulo. Outra maneira disso acontecer não será natural. A cor de olhos não muda sua função, todos enxergam a mesma cor. Um pênis num anus não exerce a sua função, anus é feito para defecar. E a vagina, duas vaginas para se darem prazer, não será por meios naturais e tão pouco conseguiram fazer filhos com o mesmo sexo. Aí encontramos um problema genético que atrapalha na função natural da vida. Esta opinião não é um pré-conceito, esta apresenta argumentos fundamentados que não tem o interesse de ofender, mas de expressar a verdade. E não entendo porque ficar triste quando esse entendimento. Isso não impede da pessoa viver sua sexualidade como quiser, ainda que por meios artificiais ou não naturais de sua função. Um anão não deixa de se relacionar ou se achar normal pelo fato de ser menor, não se assumir como é isso sim é pré-conceito.
Parabéns Tábata pelo texto.
Eu realmente sempre acreditei na lógica da genética. E acredito fielmente que ela vem muito mais para explicar do que para confudir. Contudo, acho importante sempre, fazer uma técnica que aprendi no mestrado, mais especificamente em metodologia científica. Antes de uma publicação, solicite aos seus pares a leitura e texto, eles podem encontrar coisas que vc não viu….
Acredito que o termo utilizado no título “não há cura” pode acabar inferindo que é uma doença… afinal existem centenas de doenças congênitas e não congênitas que não apresentam cura. O termo apesar de apresentar um outro conceito a ler o texto fica mais claro, porém, volto as aulas de metodologia…jamais de possibilidade ou voz para a dubiedade. ..caso contrário alguém pode dizer, “falei que era doença, não?”.
No mais, parabéns e continue produzindo conhecimento e compartilhando conosco.
Anderson
Olá Anderson, obrigada pelos comentários.
O título do texto é uma provocação feita propositalmente. É uma forma sarcástica de atingir o preconceito que paira por aí. Considero a licença poética em textos não científicos (que é o caso desse meu) essencial para não suprimir a criatividade. Nas suas disciplinas de metodologia você aprendeu como escrever um texto científico, um documento oficial, etc, neste caso é diferente, este é um texto aberto, onde coloco além de resumos científicos, minha opinião, com as minhas palavras.
Abraços.
PARABÉNS PELO TEXTO TÁBATA, É ESCLARECEDOR. TALVEZ A EXPLICAÇÃO PARA O PORQUE DE UM GEMIO UNIVITELINO OU IDÊNTICO SER HETEROSSEXUAL E OUTRO HOMOSSEXUAL ESTEJA NA MULTIFATORIEDADE LIGADA AOS GENES IDENTIFICADOS COMO ATUANTES NA ORIENTAÇÃO SEXUAL, IDENTIFICADOS PELAS PESQUISAS. EM FIM BELA PESQUISA.
Muito obrigada, João. Sim, como são diversos genes ligados a essa característica, as coisas são mais difíceis de mensurar. Uma explicação para o caso dos gêmeos idênticos onde um é gay e o outro não, seria a epigenética, a regulação da expressão gênica que é hereditária mas não está em nosso DNA, e que muda conforme o ambiente em que o indivíduo é exposto. Como eu mencionei no texto, até mesmo a quantidade de sangue que o feto recebe altera a expressão de certos genes, e gêmeos idênticos nem sempre recebem a mesma quantidade de sangue, além de estarem em locais diferentes no útero.
Excelente artigo, vou compartilhar e espalhar a mensagem, para ver se esses conservadores ignorantes olhem para o outro lado além da livro sagrado deles.
Obrigada pelos comentários, Pereira. Realmente temos que fazer nossa parte contra o preconceito.
Eu quero muito que você me tire uma dúvida. Eu ja li vários artigos, inclusive os do Dráuzio Varella, e sempre li que a homossexualidade tinha chances de estar ligado com a distribuição hormonal, ainda na formação do feto, agora eu leio este excelente artigo, e diz que a homossexualidade pode estar ligada aos genes. Você pode me explicar se a distribuição hormonal e os genes (epigenética), podem, os dois, estarem ligados na formação da homossexualidade, ou só pode ser um dos dois?
Me responde Tábata, isso é muito importante para mim.
Olá Carlos, desculpe a demora. Funciona mais ou menos assim: a carga genética, ou seja, os “tipos” de genes que nós carregamos, são extremamente determinantes para o ser que seremos em aspectos físicos, psicológicos etc. Porém, existem fatores epigenéticos que modificam a expressão genica desde a formação do embrião. Sendo assim, temos que considerar a genética e a epigenética. Em relação a distribuição hormonal no feto, esse seria um outro fator, pois existem gêmeos idênticos onde um é gay, mas não o outro. Esse tipo de situação faz os pesquisadores pensarem que a posição e local onde o feto se localiza é tb importante. De qualquer forma, muito falta à ser pesquisado em relação a esse último tópico e na questão hormonal. Mas devemos lembrar que mesmo a diferença hormonal entre um e outro indivíduo vem da expressão genica diferenciada, que produz mais ou menos proteínas que participam da síntese dos hormônios. Espero ter ajudado. Obrigada pelo elogio. Abraços
Ah bom, entendi agora. Do ponto de vista de vocês cientistas, vocês acham que a homossexualidade pode ser, ou melhor, tem chances de ser determinada ainda na barriga da mãe? Porque eu já tentei de tudo para deixar a homossexualidade, eu não consigo para de sentir atração por pessoas do mesmo sexo, nesse momento em que te escrevo, eu choro quando toco nesse assunto, é muito difícil para mim lutar contra a minha própria natureza, algumas pessoas dizem que dá para mudar a orientação sexual, mas eu não consigo isso, não tenho a mínima atração por mulheres. Sonho com o dia em todos vejam a homossexualidade como uma variação normal e natural da sexualidade humana, assim como a heterossexualidade.
Olá Carlos,
Na minha opinião científica e, principalmente, baseada no que a ciência vem descobrindo, as pessoas nascem homossexuais, não se tornam homossexuais. Não existe mais o que discutir nesse sentido, porque já está cientificamente comprovado que a orientação sexual está nos seus genes, do mesmo jeito que a cor dos olhos está, não dá pra mudar.
Sobre a sua tentativa de mudar, bem, eu não conheço nenhum ex-gay, já ouvi relatos, acho que é lenda. Acho que você tem que simplesmente aceitar o que você, o que você quer, o que você sente, o que você gosta, ser feliz é mais importante do que se preocupar com a opinião dos outros. Eu sei que como vivemos em sociedade, acabamos afetados pelo julgamento alheio, mas com calma e tranquilidade conseguimos cada vez mais sermos nós mesmo e se importar menos com isso.
Também espero que um dia a humanidade veja isso como natural, mas tenho pouca esperança nisso.
E, olha, o preconceito contra homossexuais não é o único, ele é apenas um pouco mais escancarado. Mas veja, eu como mulher, sofro todos os dias discriminação, em vários setores da minha vida pessoal/social e profissional, como todas as mulheres sofrem. O que acontece é que muitas não se dão conta da discriminação sofrida, mas a ideia de que somos inferiores está embutida na mente de muitas pessoas. E bem, eu faço minha luta pelo que acredito, acredito na igualdade entre as pessoas, respeitando a diversidade. Luta você também, vale a pena!
Nossa, Tábata, a maneira como você falou comigo me fez ficar mais tranquilo. Eu tenho essa vontade de lutar pela a igualdade, mas tem momentos que bate um desânimo. Você me deu mais esperanças, obrigado pelas as palavras, vou fazer de tudo para que palavras ofensivas ou contrárias as minhas, não me afetem. Eu vou é ser feliz!
Sobre esses ex-gays, eu achei um excelente texto sobre isso.
NÃO EXISTE EX-GAY. Como esses aí que se dizem “curados”, eu já vi muitos!!! Atacando fora o que nunca vai matar dentro. Vai pra igreja porque não se aceita, não se ama, nem se respeita… e não se ajusta na sociedade. Levou um fora do namorado e não consegue ser feliz no amor?…. Ou cansou da futilidade que muitos gays optam por viver, num mundo de veneno e desrespeito próprio dos que não se ajustam a sua sexualidade e se deixam influenciar pelos preconceitos sociais. Se odeiam e odeiam outros gays. Que triste! Tomam as decisões erradas. E depois fogem pra uma igreja.
Alguns dizem poder se livrar das ”práticas”, mas nunca da homossexualidade em si. Igual a esses há muitos… até casados, com filhos ”abençoados” e que se juram ”libertos”, blablabla. Mas não duram nessa farsa. Logo, logo os desejos homo estarão explodindo. Pode ficar nessa capa até por anos, mas sabe como é duro resistir e o manter as aparências e o ”testemunho”… Como devem se reprimir e ser neuróticos!
Nunca poder se ”manter hetero”, pois sua ESSÊNCIA é gay. Sim, não há escolha. Ninguém escolhe ser e nem deixar de ser. Vocês apenas repetem as falácias do sr. Silas Malafaia e afins, mas no fundo sabem que é tudo mentira! VIVEM UMA FANTASIA UT’ÓPICA. Não existe cura para o homossexual, pois ser homossexual não é uma doença, o indivíduo nasce. O que pode acontecer com esses que se dizem curados, é que se ligaram a uma religião e abstiveram-se da pratica e com isso levam uma vida como se não desejassem mais esse tipo de envolvimento, quando na verdade desejam, e para sanar esse desejo recorrem ao jejum e a oração. Caso tivessem sido “libertos” não seria necessário nenhuma prática desse tipo, pois não vemos nenhum heterossexual não evangélico jejuando e orando para serem o que são: héteros. Homossexual é homossexual e não existe nenhuma religião que mude isso.
Vejam a ciência, a Psicologia: Se não se nasce assim, se torna… sem ter optado por nada! Quantas falácias e idealizações nos testemunhos. Homo Faz parte da natureza, da humanidade, quer gostem ou não. Se aceitasse no fundo, seria equilibrado. Não é fácil. Mas não precisaria de muletas da religião.
Essa história todos já conhecem o fim, já viram um caso na igreja. Como tantos por aí, os ”ex-gays” vão voltar as práticas sexuais (se é que um dia deixou) e provocar escândalos ou abafá-los pelo bem do ”evangelho”. E culpar o diabo. Depois a crentalhada vai dizer que ”ele nunca encontrou Jesus de verdade”, fazer fofoca e pisar nele. Sim, o mundo evangélico é hipócrita, cruel e coorporativista. Fazem acreditar em milagres que nem eles acreditam. Igreja… vocês perseguem gays, mas não salvam nenhum!! ACORDEM. Parem de iludir pessoas tristes.
Dica: Deveria procurar um psicólogo hoje pra se ACEITAR e ser saudável como é. Mas não… preferem ser infeliz por uma crença falsa e viver se frustrando e perseguindo gays ajustados. Que pena pois assim apenas magoam a si mesmos, perdem tempo, juventude, energia e pior, prejudica outros homossexuais confusos com seus dogmas Não há PROVAS sobre ex-gays.
Pesquisem Lana Holder e Sergio Viula (do MOSES) e tantos outros que pararam de mentir pra si, Deus não exige que você ”deixe” de ser gay! Os homens, sim.
”Não existe pecado maior que a estupidez”! (Oscar Wilde)
Tábata, mas epigenetica não tem cura não, ou estou enganada? Eu li uma matéria sobre a possibilidade de células troncos darem origem a óvulos e espermatozóides, no caso abriria possibilidade de casais do mesmo terem seus filhos com o DNA do dois pais ou das duas mães.
O responsável pelo o projeto, Azim Surani, disse que:
Temos sido bem sucedidos no primeiro e mais importante passo neste processo, que é demonstrar que nós podemos fazer células-tronco humanas artificialmente. Também descobrimos que mutações epigenética e erros de células que ocorrem com a idade, pode ser modificado e apagado.
Então Tábata, se epigenética pode ser modificado e apagado, e a homossexualidade pode ser causada por epigenética, então será que no decorrer dos anos, a ciência não poderia silenciar ou apagar a epigenética que causa a homossexualidade? Isso seria assustador, modificar a essência do ser humano, modifcar o que ele é.
Olá Mariana, a epigenética é só mais um componente que controla os seres vivos e, portanto, não tem “cura”. Diferente do genoma, que é modificado facilmente hoje em dia, a epigenética é uma descoberta um pouco mais recente e pouco se tem feito no sentido de “modificá-la”, pois ela ainda é um pouco complexa para o que temos em ciência.
Não temos como prever o futuro, mas acredito que estamos muito longe de “editarmos” o ser humano a ponto de mudarmos sua “essência”. Temos que lembrar também que somos seres culturais e, apesar de sermos movidos por nossos núcleos celulares, muita coisa é modificada durante nossas vidas (e claro, podemos chamar tudo isso de epigenética também, então pense o quão complicado é “controlar” tudo isso no indivíduo).
Quanto ao projeto de células-tronco, eu teria que ler e ver o quanto esse “descobrimos que podemos apagar erros e traços epigenéticos” é realmente realidade, ou se ainda está sendo testada as hipóteses.
Sou contra quaisquer formas de preconceito, inclusive de considerar a homossexualidade doença.
No campo das ciências sociais esse tema -origem ontológica da homossexualidade- ainda não foi cabalmente definido, não se deu um ponto final. Inclusive há estudos em que gêmeos idênticos tem orientação sexual diferenciada. Ora, se a homossexualidade é geneticamente determinada, como explicar o fato de tais gêmeos não o serem? (um vem a se tornar hetero e outro, homo).
Há um consenso, porém, em que a homo seja um híbrido entre carga genética e influências ambientais, isto é, o biológico e o social (inclusive a família) de mãos dadas para explicar a nascente da homossexualidade.
Enfim, nós da área de humanas e sociais preferimos ser mais cautelosos, com devidas exceções, afinal é um tema controverso. Outrossim, preferimos fugir de certos determinismos quando o assunto é comportamento (evitamos a lógica positivista na análise de fatos sociais). Penso que afirmar que um gene direciona a orientação sexual de um indivíduo o aprisiona a um destino que nem a sua vontade pode mudar. Colocando em pergunta: não teria ele/ela liberdade e vontade para escolher sua orientação uma vez que já foi biologicamente determinada? “Onde fica” sua decisão, sua capacidade de escolha (homo ou hétero?) no terreno dessa pesquisa? Comprometida?
Olá Fábio,
Obrigada pelos comentários.
A questão da homossexualidade, assim como tantas outras, não está finalizada cientificamente, seja nas ciências biológicas ou sociais.
Quanto aos seus questionamentos em relação a gêmeos, explico no texto o que se tem na literatura. A epigenética é grandemente responsável por isso, e ainda na barriga da mãe a orientação sexual desses gêmeos pode ser determinada. Vários fatores epigenéticos estão associados a isso, incluindo a posição na placenta em que o bebê se encontra.
Em relação a cautela, a ciência avança sempre com experimentação, mas nunca dando provas absolutas de que o que é descoberto é imutável. Quando fazemos uma descoberta, outras pesquisas surgem e acrescentam mais a ela, e assim se constrói conhecimento.
A ciência mostra a realidade de forma lógica, prova com experimentos rigorosos, mostra evidências e interpreta resultados. Não “acreditar” nela é negar o pensamento racional humano. Aqui eu uso as aspas e já explico o porquê. Diferente do que muitos parecem pensar, a ciência não é uma religião e, sendo assim, você a constrói com resultados visíveis para qualquer um. Ela abrange toda a humanidade e todos tem direito a experimentá-la.
Em relação a “um gene” determinar a sexualidade, o texto nunca diz isso. São muitos fatores que a determinam, entre genes (no plural), regulação gênica e epigenética.
E quanto a pergunta, creio que a resposta possa ser encontrada tanto nas ciências da vida como nas humanas:
Para a biologia: não, ele/ela não tem escolha, está tudo programado geneticamente e epigeneticamente, usar azul e brincar de carrinho não vai ajudar.
Para a ciência social: não, ele/ela não tem escolha, ninguém conhece “ex-gay” (e eu acredito que isso possa existir, mas aí é uma outra vertente de discussão que não cabe aqui); muitos homossexuais travam batalhas contra si, lutando contra sua “natureza”, como eles mesmos relatam.
Olá Tábata,
Agradeço seus comentários…é interessante ver perspectivas diferentes sobre um tema controverso como é a nascente (biológica e/ou psicossocial?) da homossexualidade. Concordo em muito do que você apresentou, embora não tenha explicitado isso (a questão da racionalidade científica, o rigor do pensamento científico, como ela aborda a realidade etc.). Entendemos que sempre buscando conhecer tal realidade/fenômeno, testando uma teoria (pensamento sobre uma realidade), a ciência avança. Como uma das modalidades de conhecimento que se propõe a responder questões humanas, ela (com suas/seus teorias, postulados, técnicas etc.) tem seu limites, muitas vezes ultrapassados por novas pesquisas (que bom!). Mas felizmente a ciência não tem resposta pra tudo (nunca terá, daí outras modalidades de conhecimento para ajudar).
Sobre eu afirmar que um gene “determinar a sexualidade”, acho que não fui claro. Quis dizer de um “gene” ou conjunto de genes predispor à homossexualidade, conduzindo a uma leitura quase determinista da orientação sexual do indivíduo (note que o título do artigo sugere isso).
Para biologia: em suas palavras: “não, ele/ela não tem escolha, está tudo programado geneticamente e epigeneticamente”.
Para ciência sociais: sim, ele tem escolha, pois além biológico é um ser racional, cultural, de direito e com liberdade para escolher o que faz com o corpo e com a própria vida.
“muitos homossexuais travam batalhas contra si, lutando contra sua “natureza”, como eles mesmos relatam”, faço coro nessa afirmação. Pode ser, sim, em função da genética. Mas até que ponto ela é determinante e não condicionante?
Sabe Tábata, prefiro conceber a homossexualidade como uma questão inconclusa (em algum momento você fala isso no texto), quem sabe poderosamente influenciada por fatores socioculturais, biológicos (leia-se aqui genéticos) e experiências de vida do sujeito. Acho que esse termo -influenciar- equilibra o debate, com a questão da origem como multifatorial (e não fortemente genética).
Felicito-a pela interação, abertura para o pensamento diverso e para o diálogo. Valeu a discussão!
Abraços.
Olá Fábio,
Entendo seu ponto de vista. Como tudo em genética, sabemos que existe uma influência epigenética e ambiental que diz muito sobre os genes se manifestarem ou não no indivíduo. Mas acredito que deixei bem claro isso no texto, quando falo dos gêmeos idênticos (um gay e outro não). Você pode usar sua visão humanista libertária para explicar isso, o que acho muito bonito, eu ainda vou pender para a epigenética com um pouco da influência do ambiente no indivíduo.
O único problema de dizermos que “sim, ele tem escolha” é que, apesar de parecer bonito para nós, seres científicos e pensantes, libertos de amarras por natureza, é que para muitos isso será justificativa para encontrar tratamentos, terapias, curas e preconceitos.
Se homo é genético, porquê se reproduzem como heteros? Desda ameba ate o peixe palaço e tubarão martelo possuem caracteristicas proprias de reprodução nem sempre hetero ,por que o homossexual a caracteristica reprodutoria é hetero?
Olá Eduardo,
São coisas distintas. A herança homossexual não está relacionada a reprodução sexual. Existem formas de vida que conseguem se reproduzir assexuadamente, ou seja, sem a necessidade de um parceiro do sexo oposto. No caso dos humanos, seres extremamente complexos biologicamente, a única forma de reprodução é a sexual. Ou seja, os homossexuais, por não se sentirem atraído pelo sexo oposto, podem escolher não se reproduzirem. Mas isso é uma escolha pessoal, já que temos milhares de exemplos de homossexuais que têm filhos biológicos.
Na maioria das espécies a reprodução é muito mais instintiva que prazerosa, o que significa que as espécies estão programadas geneticamente a encontrar o parceiro ideal para deixar descendentes. No caso dos humanos, uma espécie “semi-social” onde a cultura influência nossas escolhas, a escolha para reprodução geralmente está atrelada à sentimentos (desejo, amor, atração, etc), mas existem casos de heterossexuais que se reproduzem sem vincular-se afetivamente ao parceiro.
Resumindo, homossexualidade não impede ninguém de se reproduzir e deixar descendentes. Temos a vantagem de sermos uma espécie racional, nos garantido melhor poder de tomada de decisões e menor influência de nossos instintos em nossas escolhas de vida. Outros animais não tem essa sorte e existem muitas pesquisas que estudam a influência da homossexualidade na população em relação a geração de descendentes e perpetuação da espécie, mas isso é outra história…
Qual a fonte da pesquisa? cite qual pesquisa onde você encontrou as bases genéticas sequenciais e determinantes para a homossexualidade. Ainda não vi nenhuma autoridade cientifica noticiando algo parecido. Por favor estes conceitos estão sem embasamento cientifico parece mais cópias retóricas de quem quer justificar uma opção sexual.
Olá Rafael,
Citei sete artigos que comprovam o que estou falando no texto (estão no final do texto). Em um texto com citações numéricas, os números em colchetes significam as referências utilizadas para cada argumento. Lendo meu texto com atenção, você pode perceber os números (exemplo [1]). No rodapé do texto os números te guiarão às referências (artigos científicos).
Todos os meus artigos no Saense são baseados em artigos científicos publicados nas melhores revistas do mundo. Dentre os artigos que citei para fazer meu texto, temos inclusive um na revista Science, que junto com a revista Nature está no topo da pesquisa científica.
Os cientistas não saem dando pronunciamentos como se ciência fosse religião. A ciência é construída passo a passo, artigo por artigo. Ou seja, se você quer estar atualizado, precisa ler os artigos científicos. Ou então, fazer o que a maioria das pessoas fazem, ler textos que comentam sobre as novas descobertas científicas de maneira mais acessível a população em geral.
Tábata, te amo, que texto maravilhoso e esclarecedor. E amei sua resposta para esse último cara, hahaha, eles pensam que a nossa ciência é como a religião deles, que falam coisas baseadas em interpretações e sem evidências. Só fiquei meio assim sobre um comentário seu, na questão do “ex-gay”, onde você não descarta que isso exista, mais eu te falo com propriedade, é algo impressionante, todos esses que se intitulam como “ex-gay” sofrem uma luta diária contra sua própria sexualidade, uns preferem viver na castidade e na solidão , outros até se casam com mulher para mostrar que mudou e poder pertencer ao grupo religioso, mas os desejos homo nunca são anulados, vivem em uma mentira cruel, é por isso que as vezes noticiamos tantos casos de traição entre os “irmãos”, uma hora a sua natureza vai falar mais alto, e o pior é que os pastores sabem disso, eles mesmo falam isso. Se realmente existisse uma cura, era para esses supostos “ex-gay” sentirem apenas desejos heterossexuais, e o desejo homo ser cancelado, mas todos, todos mesmo que se intitulam assim dizem a mesma coisa, que o sentimento e a atração por uma pessoa do mesmo sexo não são anulados, na verdade eles vivem em uma mentira por causa da religião, acham que é pecado, tem a questão da rejeição da família e da sociedade, então se abstém das práticas, nunca do desejo, mas um padre hétero vive em castidade, só que nunca ele irá parar de sentir desejos heterossexuais, ele continuará sendo hétero, o mesmo ocorre com os “ex-gays”, param com a prática por motivos religioso (sempre é motivo religioso), mas lutam diariamente para não cair no “pecado”, vivem uma utopia, aí se intitulam como ex-gay, mas na verdade continuam com desejos homo, só não praticam, e vivem uma frustação por não haver mudanças. O sofrimento psíquico de vários homossexuais é causado pela a homofobia dessa sociedade, atingindos diariamente qualquer um ficaria com depressão, se uma sociedade passa a reprimir a heterossexualidade, todos os heterossexuais irão sofrer transtornos psíquicos também, irão sofrer uma negação da própria sexualidade, tendências suicidas e depressão, por uma sociedade ficar impondo que você mude o que a sua natureza lhe fez. Desculpa pelo o desabafo, nem precisa postar o comentário foi só pra você ler, e deixo uma mensagem do DráuzioVarella que sempre uso para combater o preconceito : Sempre houve e haverá mulheres e homens que desejam pessoas do mesmo sexo, porque essa é uma característica inerente à condição humana. Com persistência e determinação, eles podem controlar o comportamento sexual, mas o desejo não. O desejo é uma força da natureza mais íntima de cada um de nós; é água que corre montanha abaixo.
A homossexualidade é um fenômeno de natureza tão biológica quanto a heterossexualidade. Esperar que uma pessoa homossexual não sinta atração por outra do mesmo sexo, é pretensão tão descabida quanto convencer heterossexuais a não desejar o sexo oposto.
Os que assumem o papel de guardiões da família e da palavra de Deus para negar às mulheres e homens homossexuais os direitos mais elementares, não são apenas sádicos, preconceituosos e ditatoriais, são ignorantes!
Olá Márcio, tudo bem? Muito obrigada pelos comentários.
Sobre o comentário de “ex-gay”, eu não descarto a existência como boa cientista que sou. Eu não conheço nenhum ex-gay, não conheço ninguém que conheça, mas não é por isso que vou dizer que não exista. O meu comentário foi nesse sentido, não posso dizer veementemente que algo não existe se não estou provando isso, mas que é bastante improvável que exista, nisso eu acredito.
Quanto ao resto do seu comentário, sobre religião, falta de tolerância social, etc, concordo com tudo! Abraços!!!
Vamos usar um pouco de inteligência por favor. Há pouco tempo atrás nos achávamos que o mundo não era redondo. Hoje o que é obvio e certamente não mudara é que se sentir atraído por alguém do mesmo sexo não faz você melhor ou pior do que ninguém, nem o impede de ser feliz. Certamente dificulta ter filhos, mas isso a ciência talvez em breve resolva também. Há preconceito? Sim, mas a sociedade evolui pra que o preconceituoso seja o discriminado e já criminalizado. Agora nada impede que no futuro haja uma pílula que altere seu processo físico-químico e faça você se sentir atraído pelo sexo oposto ou vice versa, ou seja, o hetero virar homo!! Cada um faz sua escolha e é isso que a maioria da sociedade deve garantir!
Isso aí, Mauricio. Feio é o preconceito!
amei o texto. Sou estudante de Biomedicina futuro pesquisador! adoro essa area. So podemos combater o preconceito com educação!!
Obrigada, Wellington!
Olá Tábata. Parabéns pelo seu texto muito elucidativo. As conclusões científicas mudam de tempos em tempos, assim como tudo no Universo muda. O que hoje é cientificamente comprovado, amanhã não mais será, descobrirão uma série de fatores e circunstâncias que mudarão radicalmente as conclusões científicas mais remotas. A física quântica é o melhor exemplo, está jogando por terra antigas conclusões científicas, que hoje já não são mais aceitas, causando um tremendo rebuliço no mundo científico. Tudo muda, tudo evolui sempre. É um processo natural do Universo se expandir. Ainda existem muitas pessoas, que por não “concordarem” (conflitos morais, sociais e religiosos) com o cientificamente comprovado, atacam-no e procuram desqualificá-lo (sem nenhum embasamento científico). Sem contar que essas mesmas pessoas tem o péssimo hábito de julgar pessoas e situações, achando-se donos da verdade, defensores da ética, moral e bons costumes. Infelizmente o ser humano evoluiu demais cientificamente e “involuiu” moralmente. Abraço!
Muito obrigada, Erk. Abraço!
Olá, Dra.
Excelente texto. Na minha humilde opinião, trata-se de genética. Não fui criado em um ambiente homossexual, ninguém jamais me disse que deveria me sentir atraído por X ou Y e eu poderia, disse PODERIA até ter sido o cara mais heterossexual do mundo, pois minhas primeiras relações (logo no início da puberdade) começaram com o sexo feminino.
Enfim, sendo a questão da homossexualidade atribuída apenas à genética ou ligada a mais fatores, o fato é que ser gay é a melhor coisa que já me ocorreu e eu sou assim desde sempre!
Obrigada, Angelo!
Discordo do Fábio Souza, quando você diz que para ciência sociais: “sim, ele tem escolha, pois além biológico é um ser racional, cultural, de direito e com liberdade para escolher o que faz com o corpo e com a própria vida”. Bom, eu acho pouco provável que uma pessoa possa escolher se vai ser heterosexual ou homossexual, se fosse assim, todos os homossexuais que sofrem com crise de identidade, e que querem mudar a sua própria orientação sexual, eles conseguiriam , mas já sabemos que eles sofrem quando tentam fazer isso, eles podem controlar o comportamento sexual, mas o desejo não. Nem tudo para as ciências socias é possível escolher, é por isso que em se tratando da homossexualidade, se trabalham para que os homossexuais aceitem sua condição , e não tentarem mudar a orientação. O consenso de longa data das ciências comportamentais e sociais e das profissões de saúde e saúde mental é de que a homossexualidade, por si só, é uma variação normal e positiva da sexualidade humana. A Associação Americana de Psicologia, afirma que a maioria das pessoas “têm pouco ou nenhum senso de escolha sobre sua orientação sexual”. Alguns indivíduos e grupos têm promovido a ideia de que a homossexualidade é um sintoma de defeitos espirituais, de desenvolvimento ou de falhas morais e têm argumentado que os esforços para mudar a orientação sexual, incluindo a psicoterapia e os esforços religiosos, poderiam alterar os sentimentos e comportamentos homossexuais. Muitos desses indivíduos e grupos estão incorporados dentro de um contexto mais amplo de movimentos políticos religiosos conservadores que apoiam a estigmatização da homossexualidade por motivos políticos ou religiosos.
Nenhuma organização de profissionais de saúde mental apoia esforços para mudar a orientação sexual e praticamente todas elas adotaram declarações políticas advertindo profissionais e o público sobre os tratamentos que se propõem a mudar a orientação sexual. Estas incluem a Associação Americana de Psiquiatria, Associação Americana de Psicologia, Associação Nacional dos Trabalhadores Sociais dos Estados Unidos, Associação Americana de Aconselhamento, o Royal College of Psychiatrists, Sociedade Australiana de Psicologia e o Conselho Federal de Psicologia do Brasil.
Robert Spitzer apresentou um trabalho controverso na reunião anual de 2001 da Associação Americana de Psiquiatria (AAP), em que argumentava ser possível que alguns indivíduos altamente motivados conseguissem mudar a sua orientação sexual de homossexual para heterossexual. Um artigo de 2001 doWashington Post indicou que Spitzer tinha 45 minutos de entrevistas telefônicas com 200 pessoas que afirmavam que as suas respectivas orientações sexuais mudaram de homossexual para heterossexual. Spitzer afirmou que a sua pesquisa “mostrou que algumas pessoas podem mudar de homossexual para heterossexual e nós devemos reconhecer isso.” Considerando o quão difícil foi encontrar os 100 participantes, e que esses eram considerados os melhores casos de terapia de conversão, Spitzer concluiu que embora a mudança pudesse ocorrer, ela é provavelmente muito rara.
A AAP emitiu um comunicado oficial desmentindo a pesquisa de Spitzer, salientando que o trabalho não havia sido revisado e afirmando que “não há nenhuma evidência científica publicada em apoio a eficácia da terapia reparativa como um tratamento para mudar de orientação sexual.” A pesquisa de Spitzer foi criticada por seus métodos de amostragem e os critérios usados para definir o sucesso da terapia.
Em 2012, no entanto, Spitzer se retratou publicamente pela conclusão de sua pesquisa e afirmou: “Eu acredito que devo desculpas à comunidade gay por meu estudo trazer alegações não comprovadas da eficácia da terapia reparadora.”
No Brasil, Sergio Viula, um dos fundadores do Movimento Pela Sexualidade Sadia (MOSES), grupo brasileiro que propõe ser possível reverter o comportamento homossexual, e ex-pastor batista, concedeu uma entrevista à revista Épocaafirmando que os movimentos que prometem uma reversão da orientação sexual de uma pessoa são falsos e que tais tratamentos não funcionam. Depois de romper com o MOSES, Viula divorciou-se da esposa e assumiu a sua homossexualidade.
Outro exemplo de oposição dentro dos próprios grupos de ex-gay aconteceu em 2007, quando o co-fundador, Michael Bussee, e outros ex-líderes da organização de ex-gaysExodus Internacional, grupo cristão que promove reversões de homossexuais (ver acima), emitiram um pedido de desculpas público e formal por seu trabalho como líderes ex-gays e os danos que causaram aos que tentaram ajudar.Em 2010, Busse afirmou: “Eu nunca vi um de nossos membros ou outros líderes da Exodus se tornarem heterossexuais, então no fundo eu sabia que não era verdade.” Wayne Besen, um americano que também foi um dos líderes da Exodus por cerca de oito anos, saiu da entidade, tornou-se um militante na luta contra tratamentos de reversão sexual, assumiu a sua homossexualidade e casou-de com um homem, sendo um dos mais proeminentes exemplos atuais de ex-ex-gay.
Entre a comunidade científica há um consenso cada vez maior de que orientação sexual humana é uma característica que não pode ser alterada e de que a homossexualidade e a bissexualidade são atributos normais e saudáveis, assim como a heterossexualidade.
As terapias de mudança de orientação sexual são bastante discutidas, pois não há provas científicas que a orientação sexual de uma pessoa possa ser alterada através de terapias, sendo a sexualidade humana definida, provavelmente, por fatores biológicos. Existem alguns grupos, a maioria de fundamentação cristã conservadora, que afirmam que a orientação sexual de uma pessoa é influenciada pelo tipo de educação comportamental que foi realizada na infância e poderia ser alterada mais tarde. Estudos da psicologia, no entanto, afirmam que a orientação sexual não é algo controlável.
Apesar de quase um século de especulação psicanalítica e psicológica, não há nenhuma evidência substantiva para apoiar a sugestão de que a natureza da criação dos filhos ou que as primeiras experiências da infância desempenham qualquer papel na formação da orientação fundamental de uma pessoa heterossexual ou homossexual. Parece que a orientação sexual é de natureza biológica, determinada por uma complexa interação de fatores genéticos e do ambiente uterino precoce. A orientação sexual não é, portanto, uma escolha.
– Royal College of Psychiatrists(2007)
Atualmente, não há consenso científico sobre os fatores específicos que levam um indivíduo a tornar-se heterossexual, homossexual ou bissexual, incluindo possíveis efeitos biológicos, psicológicos ou sociais da orientação sexual dos pais. No entanto, as evidências disponíveis indicam que a grande maioria das lésbicas e adultos homossexuais foram criados por pais heterossexuais e que a grande maioria das crianças criadas por pais gays e lésbicas crescem como heterossexuais.
– Associação Americana de Psiquiatria (AAP), a Associação Americana de Psicologia e aAssociação Nacional dos Trabalhadores Sociais (2006)
Por isso, as principais organizações de saúde mental profissionais não incentivam as pessoas a tentar mudar a sua orientação sexual de homossexual para heterossexual. De fato, essas intervenções são eticamente suspeitas, porque elas podem ser prejudiciais para o bem-estar psicológico daqueles que passam por elas; observações clínicas e relatos pessoais indicam que muitas pessoas que tentam mudar a sua orientação sexual experimentam um considerável sofrimento psicológico. Por estas razões, nenhuma organização profissional de saúde mental apóia esforços para mudar a orientação sexual e praticamente todas elas adotaram declarações de política da profissão e alertas ao público sobre os tratamentos que se propõem a mudar a orientação sexual.
A Academia Americana de Pediatria afirmou, em Pediatria, em 2004:
A orientação sexual, provavelmente não é determinada por apenas um fator, mas por uma combinação de influências genéticas, hormonais e ambientais. Nas últimas décadas, as teorias baseadas no fator biológico têm sido favorecidas por especialistas. Ainda continua havendo controvérsia e incerteza quanto à gênese da diversidade das orientações sexuais humanas, não há nenhuma evidência científica de que pais anormais, abuso sexual ou qualquer outro evento adverso da vida influenciem a orientação sexual. O conhecimento atual sugere que a orientação sexual normalmente é estabelecida durante a infância.
A Associação Americana de Psicologia afirma que: “há provavelmente muitas razões para a formação da orientação sexual de uma pessoa e as razões podem ser diferentes para pessoas diferentes” e diz que a orientação sexual da maioria das pessoas é determinada em uma idade precoce. A pesquisa sobre como a orientação sexual em homens pode ser determinada por fatores genéticos ou outros fatores pré-natais desempenha um papel no debate político e social sobre a homossexualidade e também levanta temores sobre impressão genética e testes pré-natais.
O professor Michael King afirma: “A conclusão dos cientistas que pesquisaram as origens e a estabilidade da orientação sexual é que essa é uma característica humana que se forma no início da vida e é resistente a mudanças. Evidências científicas sobre as origens da homossexualidade são consideradas relevantes para o debate teológico e social porque prejudicam as afirmações de que a orientação sexual é uma escolha.”
Olá Guilher,
Obrigada pelas suas contribuições no campo das ciências humanas. Sempre bom lermos pontos de vistas de outras áreas.
Sobre esse texto de Tábata Bergonci, o que posso comentar é que é triste que pessoas do meio acadêmico utilizem de argumentos não técnicos e não científicos para ajustarem a sua opnião ao que lhes convém. Esse texto se inicia com um título Definitivo “Homossexualidade é genética (e não há “cura”)” e isso leva a informação errônea de que a ciência já teria de forma cabal, descoberto através da genética, fatores não mutáveis, que justificassem a homossexualidade, sendo que isto ainda é um fato desconhecido. Mas é notável que ao longo do texto essa afirmação é diluída por si só, quando a autora mesmo afirma “Mas a explicação para este fato parece ainda estar na genética” – Parece? Estamos lendo sobre genética e ciência ou conto de fada? Estamos falando de genética ou preconceito? O texto é informativo mas o título não condiz com a verdade e induz pessoas inocentes ao erro. Ao longo da história vemos vários especialistas como Levay incluindo em seus artigos fatores externos, como hormonais e comportamentais, ligados ao meio, para justificarem um fator genético ao homossexualismo. Como sociedade temos que ser claros, ainda mais no meio acadêmico, buscar fatos que comprovem a genética do homossexualismo é fundamental, mas até lá sejamos fiéis as descobertas.
Olá James,
Como já expliquei em outros comentários, esse texto é um texto de jornalismo científico, que permite a livre expressão de quem o escreve, no caso, eu.
Se você notou, existem 7 artigos científicos do qual tirei as informações para passar as informações para o leitor. Você não precisa acreditar em mim, até porque não se trata de fé, é só ler os artigos e entender como foi provado cada detalhe, de cada fato, em cada experimento científico.
Em relação a “fatores externos”, hormônios são fatores internos, produzidos pelos organismos vivos, não caia em falácias pseudo científicas de que hormônios do frango ou de boi estão afetando nossa sexualidade, isso nunca foi provado.
Por mais que seja difícil nós nos desvencilharmos de nossos preconceitos, temos que fazer um esforço para enxergar fatos. Como sociedade devemos parar de criticar com base em argumentos errôneos, em que nem nos demos ao trabalho de ler, parar de usar o que acreditamos (o que temos fé, o que não é ciência) para embasar e destorcer tudo o que vemos, só aceitando o que já achamos que é verdade.
Meu conselho é que você leia os 7 artigos e se ainda tiver dúvidas, estarei aqui para esclarecer.
Obrigada pelo comentário.
Acho muito interessante o tema, gostei do texto, mas tenho dúvida: A epigenética nos mostra que os genes são afetados,”ativados ou “desativados”, pelo meio em geral. Seria incorreto dizer que as nossas escolhas poderiam afetar na metilação ou “des” metilação desses genes citados no texto? E mesmo os genes sendo importante nas características de cada indivíduo, ainda assim pode-se ter uma escolha em cima disso, principalmente naquelas características relacionada a comportamento?
Olá!
A acho esse tema muito importante, deve ser trabalhado em todas as famílias do BRASIL e do MUNDO onde tenha um individuo Homossexual, Embora, não seja fácil no âmbito famíliar lidar com esse Assunto ¨Orientação sexual ou erro genético¨; Na maioria das famílias é difícil aceitar por motivos religiosos e cultural.
Eu sou Matheus tenho 20 anos e desde de criança tenho certeza que me atraia por pessoas do mesmo sexo, porém, fui crescendo e educado que ser ¨GAY¨ seria pecado, então criei um mundo na minha cabeça, me trapaceando, por um tempo tentei me relacionar com mulheres, mas não deu certo, aquilo não me fazia bem e vir que eu tinha uma olhar diferente por homens, só que vai chegar um tempo que você não aguenta mais viver uma mentira dentro de uma prisão, chegando na parte da aceitação que na maioria das pessoas é bem tarde e até não acabam se aceitando, se submetendo a um relacionamento heterossexual.
obs: Sou homossexual, mas ainda estou conhecendo esse mundo LGBT, quero quebrar esse estereótipo de que ser homossexual é querer se mulher ou vice-versa.
muito obrigado, parabéns pelo artigo, me ajudou
muito.
A questão é que todo homem ou mulher homossexuais sabem que são homossexuais porque sentem e percebem quimicamente, eletricamente e fisicamente em cada célula do seu corpo inteiro que não só a atração pelo mesmo sexo, como a característica do ‘macho efeminado” e da “fêmea masculinizada” é LATENTE, INCONTROLÁVEL, INSISTENTE, INCONDICIONAL.
Ou seja, é característica visceral, hormonal, neuronal e portanto indicia-se comprovadamente genética.
Do mesmo modo, estudos variados sobre epigenética confirmam essa tendência genética à determinação da orientação sexual assim como o sexo genital.
No entanto, recentemente, uma enxurrada de matérias sobressaltaram-se aos olhos com a seguinte manchete “estudo comprova que não a orientação sexual não é determinada geneticamente”, desprezando todas as evidências históricas desta correlação entre genes e sexualidade além do aparelho genital, mas no cérebro propriamente.
E isto me parece ter sido feito com dois erros propositais entrelaçados:
1) fingir que não existem determinações biológicas para a possibilidade de divergência entre o “sexo genital”, “gonadal” e “cerebral” e “orientação sexual no cérebro”
2) “impedir que preconceituosos queiram mexer nos genes” das pessoas-LGBTI ou de pessoas que ainda nem nasceram, em clínicas de manipulação de genoma.
Erros porque fingir que não há evidências é negar desavergonhadamente o aspecto real e factual presente no objeto LGBTI e que explica-o e justifica sua concepção de normalidade na variação da diversidade. É duplamente antiético pois nega-se as evidêncais de algo imutável sob uma premissa que pode ter efeito contrário ao pretendido: alimentar a crença de que a orientação sexual, uma vez que seria uma escolha ideológica, e não uma condição ligada à biologia, “então pode ser manipulada pelo meio” do mesmo modo, mas agora com as famosas “clínicas de religião de cis-héteros que fazem LGBTI sofrerem e então alegam que o sofrimento causado é por causa da orientação sexual anormal, desviante, doente, pecadora, etc.”, verdadeiras fábricas de lavagem cerebral sob mentiras, utilizando todos os meios de tortura físicas e psíquicas possíveis e já vistos e ouvidos anteriormente, como no medievo inquisidor, no colonialismo clássico, no fascismo, no eugenismo, no nazifascismo, nas ditaduras e na pós-modernidade, sim, como nos EUA, país da liberdade plena dos indivíduos dos grupos majoritários sem deveres coletivos com respeito aos direitos dos grupos minoritários.
Meda eu tenho.