Marcelo M. Guimaraes
10/04/2016
A estrela em questão é a jovem (10 milhões de anos) TW Hydrae, uma análoga ao Sol e distante apenas 175 anos-luz. TW Hydrae é uma estrela jovem muito estudada devido à sua proximidade e pelo fato de apresentar um disco protoplanetário rico em gás mas com indícios de segregação de partículas que vão de micrômetros a centímetros. Além disso, como vemos na belíssima imagem feita pelo ALMA, a orientação de TW Hydrae com relação à nossa linha de visada é polar, ou seja, vemos o disco em toda a sua extensão. É o disco protoplanetário mais próximo ao Sistema Solar e portanto o que conseguimos ver em mais detalhes.
O que mais chamou a atenção nos resultados obtidos com o ALMA foram as “falhas” no disco. Na imagem, o que brilha é a poeira e o gás, o que significa que existe algum processo físico ocorrendo no disco e dando origem a essas falhas. A aposta é que esses são locais de aglomeração de partículas, que eventualmente darão origem a planetas. Existem 3 “falhas” principais, duas localizadas a cerca de 3 e 6 bilhões de quilômetros da estrela, correspondendo a posições no nosso Sistema Solar às órbitas de Urano e Plutão. A falha mais interna, mostrada em detalhe na figura, está a apenas 1 Unidade Astronômica da estrela (1UA = 150 milhões de km). Essa é a distância da Terra ao Sol!
A cada dia acrescentamos mais uma peça no mosaico que chamamos de ciência e que nos ajuda a entender nossa posição no Universo. Estamos um passo mais próximos de entender a formação do nosso Sistema Solar, mas a caminhada ainda é longa.
[1] Crédito da imagem: Sean Andrews (Harvard-Smithsonian CfA) / ALMA (ESO/NAOJ/NRAO).
[2] ALMA. URL: http://www.almaobservatory.org.
[3] SM Andrews et al. Ringed Substructure and a gap at 1 AU in the nearest protoplanetary disk. The Astrophysical Journal Letters 820, L40 (2016).
Como citar este artigo: Marcelo M. Guimarães. Onde os planetas nascem. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/04/onde-os-planetas-nascem/. Publicado em 10 de abril (2016).