Claudio Macedo
07/07/2016

Curativo. [1]
Curativo. [1]
Em artigo recente no Saense [2] destaquei o avanço das pesquisas sobre aplicações da radiação de terahertz em imagens de interesse da área de saúde. Agora, pesquisadores norte-americanos relatam o sucesso do uso dessa técnica de imagem no monitoramento não invasivo de feridas protegidas por curativos [3].

Queimadura, em particular, é normalmente um tipo de ferimento muito preocupante devido ao fato que os tecidos necrosados pela ação térmica fornecem nutrientes para apoiar o crescimento microbiano, o que pode resultar em infecções graves.

O tratamento padrão de ferimentos de queimadura consiste em limpar a área afetada retirando materiais estranhos e tecidos necrosados, aplicar uma pomada antimicrobiana, e cobrir a ferida com um curativo. O processo de cura deve ser continuamente monitorado visando garantir que o tecido necrótico foi removido, que não há sinais de infecção, que a cura progride num ritmo aceitável e que fluidos excessivos não são retidos pelo curativo, entre outros fatores. Esse monitoramento é feito por inspeção visual, quando o curativo é mudado. A frequência de troca do curativo varia, dependendo da gravidade do ferimento, de várias vezes por dia a cada dois dias. No entanto, quando um curativo é retirado, tecidos delicados podem ser destruídos e o paciente pode experimentar uma dor significativa. Estudos têm demonstrado que períodos mais longos entre trocas de curativos podem melhorar o processo de cicatrização [3].

Os autores do trabalho [3] demonstram que a obtenção de imagens de radiação em terahertz pode ser uma maneira de inspecionar não destrutivamente a área da ferida, uma vez que ondas eletromagnéticas dessa faixa de frequências [2] penetram facilmente em muitos materiais, especialmente os comumente usados em curativos. Dessa forma, o processo de cura pode ser acompanhado de forma eficiente com um mínimo de trocas de curativos, aumentando, assim, a taxa de sucesso de recuperação de pacientes.

Além do tratamento de queimaduras, os pesquisadores indicam no mesmo estudo [3] que imagens de radiação em terahertz poderiam também ser adequadas para acompanhamento e cuidados de feridas e infecções oculares.

As pesquisas sobre as aplicações de radiação na faixa de terahertz prometem muitas novidades a curto prazo, vamos continuar acompanhando com muito interesse.

[1] Crédito da imagem: Pixabay / Creative Commons (CC0). URL: https://pixabay.com/en/hospital-infusion-hand-association-834157/.

[2] C Macedo. Observando objetos ocultos através de imagens em terahertz. Saense. Publicado em 09 de junho (2016).

[3] JY Suen and WJ Padilla. Superiority of terahertz over infrared transmission through bandages and burn wound ointments. Appl Phys Lett 108, 233701 (2016).

Como citar este artigo: Claudio Macedo. Monitorando queimaduras com radiação em terahertz. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/07/monitorando-queimaduras-com-radiacao-em-terahertz/. Publicado em 07 de julho (2016).

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