Hendrik Macedo
09/07/2017
A Inteligência Artificial envolvida no processo consiste de um modelo de aprendizado gerativo. Ao contrário dos modelos discriminativos, modelos gerativos procuram compreender e explicar os dados de entrada diante da ausência de rotulação para esses dados. Ou seja, não existe um supervisor humano que defina previamente qual o rótulo de exemplo fornecido de modo a permitir que a máquina aprenda com essa informação. Uma vez que o mundo atual produz cada vez mais dados – haja vista as redes sociais digitais – e, ao mesmo tempo, não é naturalmente um grande supervisor – a maioria dos dados coletados não possui rótulos e, portanto, a tarefa de rotulação é eminentemente humana e manual – modelos gerativos ganham importância ímpar. No caso do trabalho de Schawinski, o modelo treinado tratou-se de uma Generative Adversarial Network (GAN) [4,5]. Como o próprio nome sugere, há um duelo entre duas redes neuronais artificiais adversárias. Uma das redes, a geradora, utiliza ruídos como entrada e cria exemplos artificialmente. A outra, a discriminadora, recebe como entrada um conjunto de dados que incluem os exemplos falsos criados pela geradora e outros provenientes de uma base de dados reais e precisa competentemente identificar as falsificações, funcionando como uma espécie de detetive. O jogo de “enganação e investigação” continua de modo que a geradora se torna cada vez mais hábil em gerar exemplos realísticos enquanto a discriminadora se torna melhor em detectar falsificações. No fim do jogo espera-se dados artificialmente criados quase indistinguíveis dos originais.
A equipe de Schawinski coletou milhares de imagens reais de galáxias e as degradaram artificialmente. A seguir, treinaram sua rede geradora para aprender a reconstruir essas imagens de modo a conseguir enganar a rede discriminadora. Ao fim, a GAN desenvolvida mostrou-se superior a outras técnicas de suavização de imagens ruidosas de galáxias. A abordagem foi considerada de vanguarda no uso de aprendizado de máquina na Astronomia, Ciência que produz petabytes de dados, quantidade claramente impraticável à análise humana. Em outro artigo [6], pesquisadores da indico Research e da Facebook AI Research mostram o enorme poder gerativo de uma GAN em outros domínios, como na criação artificial de imagens realísticas de quartos de uma residência e de rostos humanos.
[1] Crédito da imagem: geralt (Pixabay) / Creative Commons CC0. URL: https://pixabay.com/en/universe-person-silhouette-star-1044107/.
[2] K Schawinski et al. Generative adversarial networks recover features in astrophysical images of galaxies beyond the deconvolution limit. Mon Not R Astron Soc Lett 467, L110 (2017).
[3] J Sokol. Machines that make sense of the sky. Science 357, 26 (2017).
[4] I Goodfellow et al. Generative adversarial nets. In Advances in neural information processing systems (pp. 2672-2680) (2014).
[5] T Salimans et al. Improved techniques for training GANs. In Advances in Neural Information Processing Systems, pp. 2234-2242 (2016).
[6] A Radford et al. Unsupervised representation learning with deep convolutional generative adversarial networks. arXiv preprint arXiv:1511.06434 (2015).
Como citar este artigo: Hendrik Macedo. “Aperfeiçoando” galáxias. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2017/07/aperfeicoando-galaxias/. Publicado em 09 de julho (2017).