Tábata Bergonci
06/09/2017

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A evolução, muito resumidamente falando, é a mudança de características de uma população de seres vivos ao longo das gerações, sendo essas características herdáveis. O processo evolutivo “ajuda” as espécies a se adaptarem ao ambiente que vivem. A seleção natural “seleciona” os mais aptos à sobrevivência (naquele determinado ambiente, naquele exato momento) mantendo-os vivos e, assim, os genes selecionados são transmitidos para as próximas gerações. Mas é na espécie humana que a seleção natural e o processo evolutivo se complicam, somos seres culturais, sociais e com inteligência suficiente para “driblar” a seleção natural em muitos aspectos. Por exemplo, conseguimos controlar diversas doenças que em outros animais seriam fatais. Ponto positivo para o indivíduo, que sobrevive. Talvez nem tão positivo para a espécie? Os genes “defeituosos” serão passados para os descendentes… Mas o quanto realmente “evitamos” a evolução?

Um novo estudo publicado na revista Plos Biology sugere que os seres humanos ainda estão evoluindo [2]. Um tipo de evolução que pode ocorrer em uma ou duas gerações e pode prolongar a vida humana. Para a pesquisa, os genomas de 210 mil pessoas foram analisados e os resultados são impressionantes! Os pesquisadores descobriram que certas variantes de genes encontradas em pessoas com Alzheimer, em fumantes, em pessoas mais propensas a doenças cardíacas, colesterol alto, obesidade e asma aparecem com menos frequência em pessoas que vivem mais. Eles também são menos propensos a serem passados para as próximas gerações, sugerindo que o genoma humano ainda está eliminando o que ele considera estirpes genéticas desfavoráveis.

O artigo mostra que duas mutações prejudiciais têm sido encontradas com menos frequência na população, a remoção delas garante sobrevivência e vida mais longa, sugerindo que a seleção natural se livrou ativamente dessas mutações. Uma das mutações é no gene ApoE4, ligado à doença de Alzheimer, que mostra queda na frequência em mulheres com mais de 70 anos. A outra mutação é no gene CHRNA3, que está associado a homens que fumam muito, sendo também menos encontrado em homens mais velhos. Esses homens e mulheres sem as mutações nocivas sobrevivem por mais tempo, podendo ter mais filhos ou ajudando na sobrevivência de seus netos, fazendo com que os “bons” genes continuem presentes na população.

Os pesquisadores também descobriram que genes relacionados à asma, doenças cardíacas e colesterol alto “saem” mais cedo da população, já que estão ligados a períodos de vida mais curtos. Ao contrário, genes ligados ao atraso do inicio da puberdade sobrevivem por mais tempo na população.

Esses estudos podem ajudar nas pesquisas sobre longevidade, já que muitos genes que atuam prolongando a vida humana têm sido descobertos. A evolução está fazendo sua parte juntamente com o genoma humano. A biologia sintética pode ajudar também. Temos ainda que manter em mente que o ambiente está sempre mudando, o que hoje são consideradas mutações vantajosas, podem não ser mais úteis em gerações futuras.

[1] Crédito da imagem: Acid Pix (Flickr) / Creative Commons (CC BY 2.0). URL: https://www.flickr.com/photos/acidpix/5806709797/.

[2] H Mostafavi et al. Identifying genetic variants that affect viability in large cohorts. Plos Biology 10.1371/journal.pbio.2002458 (2017).

Como citar este artigo: Tábata Bergonci. Humanos e ainda evoluindo… Saense. URL: http://www.saense.com.br/2017/09/humanos-e-ainda-evoluindo/. Publicado em 06 de setembro (2017).

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