ESA
03/08/2018

Saturno em 6 de junho e Marte em 18 de julho de 2018. [1]
Desde o lançamento do Telescópio Espacial Hubble, seu objetivo sempre foi estudar não só objetos astronômicos distantes, mas também os planetas dentro do nosso Sistema Solar. As imagens de alta resolução do Hubble de nossos vizinhos planetários só podem ser superadas por imagens tiradas de espaçonaves que visitam esses corpos. No entanto, o Hubble tem uma vantagem sobre as sondas espaciais: ele pode observar esses objetos periodicamente e observá-los por períodos muito mais longos do que qualquer sonda de passagem poderia.

Nos últimos meses, os planetas Marte e Saturno estiveram em oposição à Terra – Saturno em 27 de junho e Marte em 27 de julho. Uma oposição ocorre quando o Sol, a Terra e um planeta exterior estão alinhados, com a Terra situada entre o Sol e o planeta exterior. Durante uma oposição, o planeta é totalmente iluminado pelo Sol, visto da Terra, e também marca a época em que o planeta está mais próximo da Terra, permitindo aos astrônomos ver características da superfície do planeta em maior detalhe [2].

Um mês antes da oposição de Saturno – 6 de junho – Hubble foi usado para observar o planeta anelado [3]. Naquele momento, Saturno estava a aproximadamente 1,4 bilhão de quilômetros da Terra. As imagens tiradas mostram o magnífico sistema de anéis de Saturno perto de sua inclinação máxima em direção à Terra, permitindo uma visão espetacular dos anéis e das lacunas entre eles. Embora todos os gigantes gasosos possuam anéis, os de Saturno são os maiores e mais espetaculares, estendendo-se até oito vezes o raio do planeta.

Juntamente com uma bela vista do sistema de anéis, a nova imagem do Hubble revela um padrão hexagonal ao redor do polo norte – uma característica do vento estável e persistente descoberto durante o sobrevoo da sonda espacial Voyager 1 em 1981. Ao sul desta característica, uma fileira de brilhantes nuvens são visíveis: restos de uma tempestade em desintegração.

Enquanto observava o planeta, o Hubble também conseguiu capturar imagens de seis das 62 luas atualmente conhecidas de Saturno: DioneEncéladoTétisJanoEpimeteu e Mimas. Cientistas supõem que uma pequena lua rebelde como uma dessas se desintegrou há 200 milhões de anos para formar o sistema de anéis de Saturno.

Hubble tirou a segunda foto, do planeta Marte, em 18 de julho, apenas 13 dias antes de Marte chegar à sua aproximação mais próxima da Terra. Este ano, Marte chegará a 57,6 milhões de quilômetros da Terra. Isso faz com que seja a abordagem mais próxima desde 2003, quando o planeta vermelho chegou mais perto de nós do que em qualquer outro momento em quase 60 mil anos (op0232).

Enquanto as imagens anteriores mostraram características detalhadas da superfície do planeta, esta nova imagem é dominada por uma gigantesca tempestade de areia que envolve todo o planeta. Ainda visíveis são as calotas polares brancas, Meridiani Planum, a Cratera Schiaparelli e a Quadrângulo de Hellas – mas todas essas características são levemente borradas pela poeira da atmosfera.

Comparando essas novas imagens de Marte e Saturno com dados mais antigos coletados pelo Hubble, outros telescópios e até mesmo sondas espaciais permitem que os astrônomos estudem como os padrões de nuvens e estruturas em grande escala em outros planetas do nosso Sistema Solar mudam com o tempo. [4]

[1] Crédito da imagem: NASA, ESA, STScI, M. Mutchler (STScI), A. Simon (GSFC) and the OPAL Team, J. DePasquale (STScI).

[2] As datas de oposição e posição mais próxima diferem ligeiramente. Essa diferença é causada pela órbita elíptica dos planetas e pelo fato de as órbitas não estarem exatamente no mesmo plano.

[3] As observações de Saturno foram feitas como parte do projeto Outer Planet Atmospheres Legacy (OPAL) . A OPAL está ajudando os astrônomos a entender a dinâmica atmosférica e a evolução dos planetas gigantes de gás em nosso Sistema Solar. Júpiter, Urano e Netuno já foram observados várias vezes como parte deste projeto, mas esta é a primeira vez que Saturno foi observado como parte da OPAL.

[4] Esta notícia científica foi traduzida por Claudio Macedo.

Como citar esta notícia científica: ESA. Marte e Saturno bem próximos da Terra. Tradução de Claudio Macedo. Saense. http://saense.com.br/2018/08/marte-e-saturno-bem-proximos-da-terra/. Publicado em 03 de agosto (2018).

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