Agência FAPESP
14/01/2019

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Os recordes de temperatura quebrados a cada ano são uma preocupação também para a arquitetura e o urbanismo. Um estudo feito na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), no âmbito do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), analisou o papel da cidade na modificação do clima.

“Observamos que determinados elementos urbanos, o desenho urbano e até edifícios mudam completamente o balanço energético das cidades. Por isso, planos urbanos estratégicos devem absorver soluções a médio e longo prazo”, disse Denise Helena Silva Duarte, professora da FAU-USP que coordena projeto de pesquisa apresentado em reunião do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), em dezembro.

A expectativa é de expansão da área urbana de São Paulo e do aumento da temperatura. “Nosso objetivo é planejar como podemos lidar com esses dois fatores para a definição de políticas públicas de uso e ocupação do solo, planejamento urbano, projetos de edifícios, adensamento urbano”, disse Duarte.

Outro estudo apresentado na reunião será realizado na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e tem como objetivo analisar a relação do aumento de temperatura com a queda na produção de leite.

“Existe uma queda drástica no número de gestação de vacas leiteiras na época quente do ano. Se esses animais não reproduzem, também não produzem leite. É um problema sazonal que ocorre em várias regiões do mundo, inclusive nas de clima mais ameno. É um problema que tem aumentado e a expectativa é de piora com o aquecimento global”, disse Fabiola Freitas de Paula Lopes, professora do Departamento de Ciências Biológicas da Unifesp.

De acordo com a pesquisadora, por causa do estresse térmico as vacas de raça holandesa não conseguem manter a gestação nos meses quentes do ano. “Ocorre absorção e aborto espontâneo constantemente, o que compromete a produção e traz muitos prejuízos para a indústria de leite e a qualidade de vida dos animais”, disse Lopes.

Realizado no dia 19 de dezembro, na sede da FAPESP, com pesquisadores das duas últimas chamadas do PFPMCG, o encontro reuniu cientistas de diversas instituições do país e de diferentes áreas de pesquisa em um panorama sobre o que há de mais avançado em pesquisa sobre o tema. Foram apresentados também projetos na área de direito, saúde, agricultura, hidrologia, sobre impacto de barragens e serviços ambientais.

“A ideia da reunião é catalisar sinergias entre áreas distintas. Estamos aqui para construir parcerias e potencializar novas abordagens multidisciplinares”, disse Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IFUSP) e um dos coordenadores do programa.

“Precisamos olhar a ciência de modo mais interdisciplinar. Lidamos em um mundo disciplinar, então estamos querendo quebrar isso. São problemas muito complexos cuja solução envolve várias áreas. É preciso pensar conjuntamente”, disse Gilberto de Martino Jannuzzi, professor da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também coordenador do programa. [2]

[1] Crédito da imagem: Júlio Boaro (Flickr), CC BY-SA 2.0.
https://www.flickr.com/photos/julioboaro/4432852985.

[2] Esta notícia científica foi escrita por Maria Fernanda Ziegler.

Como citar esta notícia científica: Agência FAPESP. Pesquisas em mudanças climáticas têm foco na interdisciplinaridade. Texto de Maria Fernanda Ziegler. Saense. http://www.saense.com.br/2019/01/pesquisas-em-mudancas-climaticas-tem-foco-na-interdisciplinaridade/. Publicado em 14 de janeiro (2019).

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