Agência FAPESP
11/02/2019

[1]
O aplicativo SOS Chuva, capaz de fornecer a usuários de smartphones informações precisas sobre a ocorrência de chuvas intensas e raios em diversas regiões brasileiras, foi o vencedor do Prêmio Péter Murányi 2019, edição Ciência & Tecnologia.

O serviço, que tem como objetivo reduzir a vulnerabilidade da população a eventos climáticos extremos e está disponível desde 2018, foi desenvolvido no âmbito de um Projeto Temático apoiado pela FAPESP e coordenado pelos pesquisadores Luiz Augusto Machado, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e Edmilson Dias Freitas, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP). Eduardo Guarino, do Inpe, coordena ao lado de Machado o desenvolvimento do SOS Chuva.

A solenidade de premiação será realizada pela Fundação Péter Murányi em abril. O grupo vencedor receberá R$ 200 mil dos organizadores.

“Além de motivar a equipe desenvolvedora, essa premiação abre portas para o aprimoramento do serviço. Cada vez que aumenta o número de usuários, necessitamos de mais máquinas para dar conta dos cálculos”, disse Machado à Agência FAPESP.

Segundo o pesquisador, cerca de 100 mil pessoas já instalaram o app SOS Chuva, que mostra em tempo real onde estão ocorrendo chuvas fortes e para que lado elas se dirigem. Também é possível consultar a ocorrência e a intensidade de raios.

O app conta ainda com uma ferramenta para compartilhamento entre os usuários de eventos relacionados às chuvas fortes, como alagamentos, quedas de árvores ou de pontes.

“O compartilhamento de relatos tem crescido muito. Já temos mais de 13 mil. A maioria ainda é do Estado de São Paulo, pois só recentemente foram incluídos radares meteorológicos de outras regiões do Brasil”, contou Machado.

O serviço começou a funcionar com um único radar meteorológico situado em São Roque, interior de São Paulo, mantido pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), ligado ao Ministério da Defesa. Posteriormente, foram acrescentados radares do Instituto de Pesquisas Meteorológicas (IPMet) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Bauru e Presidente Prudente.

Atualmente, também fazem parte outros cinco radares do Decea, em Pico do Couto (RJ), Gama (DF), Canguçu (RS), Santiago (RS) e Morro da Igreja (SC); dois do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro, em Macaé e Guaratiba; e sete do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em Maceió (AL), Salvador (BA), São Francisco (SP), Três Marias (MG), Jaraguari (RS), Petrolina (PE) e Natal (RN).

“Estamos fechando acordos para incluir radares da Amazônia e do Ceará e, deste modo, vamos abranger quase todo o território brasileiro”, disse Machado.

Tornar o aplicativo mais amigável aos usuários é, no momento, o principal desafio do grupo do Temático, que inclui cientistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e do IAG-USP.

“Já conseguimos identificar os pontos de maior dificuldade e estamos preparando uma nova versão do app”, contou o pesquisador.

Para Machado, a principal vantagem do serviço é promover o acesso direto da sociedade aos dados obtidos pelos radares meteorológicos, que antes ficavam restritos às instituições. “Isso permite ao cidadão gerir seu próprio risco quando for viajar ou quando for pintar sua casa, por exemplo”, disse.

O pesquisador do Inpe explica que o SOS Chuva é apenas uma das ferramentas que estão sendo desenvolvidas no Projeto Temático, cujo objetivo é desenvolver as bases científicas e a tecnologia necessária para implantar a previsão imediata do tempo no Brasil.

Diferente da previsão do tempo convencional – aquela normalmente divulgada pelos telejornais –, a previsão imediata consegue informar a incidência de chuva, granizo ou tempestade com precisão de 1 quilômetro e antecedência de 30 minutos a 6 horas.

Outros premiados

Em sua 18ª edição, o Prêmio Péter Murányi recebeu 140 trabalhos, vindos de toda a América Latina. Na segunda colocação, que receberá R$ 30 mil, ficou o trabalho coordenado pelos professores Luiz Carlos Federizzi e Marcelo Teixeira Pacheco, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que resultou no desenvolvimento de um programa de melhoramento genético da aveia, permitindo o cultivo desse cereal em áreas do Sul do Brasil.

Na terceira posição, com prêmio de R$ 20 mil, ficou o trabalho coordenado por João Batista Calixto, professor titular aposentado de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que possibilitou o desenvolvimento de um medicamento anti-inflamatório com plantas da biodiversidade brasileira.

O Prêmio Péter Murányi é realizado anualmente, com temas que se alternam a cada edição: Saúde, Ciência & Tecnologia, Alimentação e Educação. Os temas são revisitados a cada quatro anos.

A premiação tem apoio da FAPESP, do Centro de Integração Empresa-Escola, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, da Academia Brasileira de Ciências, da Associação dos Cônsules no Brasil e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

Mais informações: www.fundacaopetermuranyi.org.br. [2]

[1] Crédito da imagem: INPE.

[2] Esta notícia científica foi escrita por Karina Toledo.

Como citar esta notícia científica: Agência FAPESP. Aplicativo SOS Chuva. Texto de Karina Toledo. Saense. http://www.saense.com.br/2019/02/aplicativo-sos-chuva/. Publicado em 11 de fevereiro (2019).

Notícias científicas da Agência FAPESP Home