Jornal da USP
14/02/2020

Ribeirão Preto – Foto: Anderson Bueno Pereira via Wikimedia Commons

Segundo Mozart Neves Ramos, titular da Cátedra Professor Sérgio Henrique Ferreira, o País tem coisas muito boas sendo feitas na área da educação que precisam ser disseminadas

A educação brasileira ainda tem um longo caminho pela frente na busca pela qualidade. O último resultado do Pisa, sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, divulgado em dezembro do ano passado, classificou os estudantes brasileiros entre os dez últimos colocados no mundo na prova de matemática. 

É justamente a questão da qualidade do ensino no País que a Cátedra Professor Sérgio Henrique Ferreira – uma iniciativa do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP – quer atacar nos dois primeiros anos de atividades do professor Mozart Neves Ramos, diretor do Instituto Ayrton Senna, como titular da Cátedra. Ramos aposta na aliança entre a sociedade civil e a Academia como estratégia para combater um grande mal do Brasil, a descontinuidade das políticas públicas. E pretende começar por Ribeirão Preto a melhora do ensino público. O modelo deve servir para as outras cidades de médio porte (entre 100 mil e 500 mil habitantes) do País.

Apesar das atividades da Cátedra focarem o município de Ribeirão Preto, assegura o professor Ramos que “a ideia é criar mecanismos para melhorar a qualidade da educação de todas as 34 cidades da Região Metropolitana (RMRP)”, já que são observadas “desigualdades muito grandes, tanto nos anos iniciais quanto, e mais principalmente, nos anos finais do ensino fundamental”.

Como exemplos do que pretende, Ramos cita sucessos nos Estados do Ceará e Pernambuco. “O Brasil precisa aprender com o Brasil”, afirma, garantindo que há coisas muito boas sendo feitas no nosso país e que precisam ser disseminadas para que outras cidades possam usufruir. São eles o exemplo de Sobral (CE), uma cidade de médio porte que é referência nacional de alfabetização na idade certa – aos 7 anos – desde 2007; e ainda o Estado de Pernambuco, que implantou, em 2004, o ensino médio integral. O modelo pernambucano conseguiu levar o ensino médio desse Estado do 22º lugar para as primeiras colocações. 

Mas o sucesso das políticas públicas de médio e longo prazo, adianta o professor, depende do trabalho com resultados efetivamente comprovados e fazer com que a sociedade perceba essa política como um bem seu, “aí é muito difícil ter a descontinuidade” nas mudanças de governo. E, nesse ponto, Ramos acredita que a Cátedra que assumiu na USP tem como um de seus papéis centrais investir na comunicação e na mobilização da sociedade.

A Cátedra Sérgio Henrique Ferreira é uma iniciativa do IEA-RP, financiada pelo Santander Universidades, com o objetivo de buscar formas efetivas de contribuição para políticas públicas de cidades de médio porte. A cerimônia de posse do professor Ramos na Cátedra, será dia 14 de fevereiro, às 14h30 no Anfiteatro da Faculdade de Direito em Ribeirão Preto. 

Com quatro anos de duração total, a Cátedra focará sua atuação inicial na área educacional, integrando instituições e iniciativas locais para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem em Ribeirão Preto.

Sérgio Henrique Ferreira foi médico farmacologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Suas pesquisas possibilitaram o desenvolvimento de agentes anti-hipertensivos, a partir de um peptídeo extraído do veneno da jararaca, resultando no medicamento Captopril. Por essa pesquisa, recebeu um prêmio pela American Health Association, em 1983. Foi também membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). 

Ouça no player acima a entrevista na íntegra.

Como citar esta notícia: Jornal da USP. Tentativa de melhorar ensino público vai começar por Ribeirão Preto. Saense. https://saense.com.br/2020/02/tentativa-de-melhorar-ensino-publico-vai-comecar-por-ribeirao-preto/. Publicado em 14 de fevereiro (2020).

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