João Victor Santos, Marina Freire e Ana Maia
30/04/2023
Para entender o que é uma anã M, é importante entender a classificação das estrelas. Elas são classificadas tanto pelo seu tamanho quanto por sua temperatura superficial. Quanto ao tamanho, elas podem ser supergigantes, gigantes brilhantes, gigantes, subgigantes, anãs e subanãs, em ordem decrescente. E, segundo sua temperatura superficial, são classificadas como O (entre 50.000 K e 28.000 K), B (entre 28.000 K e 10.000 K), A (entre 10.000 K e 7.500 K), F (entre 7.500 K e 6.000 K), G (entre 6.000 K e 5.000 K), K (entre 5.000 K e 3.500 K), M (entre 3.500 K e 2.500 K). [2]
Quando uma estrela possui planetas ligados gravitacionalmente à sua órbita, chamamos de sistema planetário ou exoplanetário. E quando existe um planeta na zona habitável (uma região na órbita de uma estrela que oferece condições que permitem a existência de água em forma líquida, além de, temperatura e pressão ideais para sustentar a vida) desperta maior interesse, tanto dos cientistas quanto da população em geral, por causa da possibilidade de encontrar vida extraterrestre.
Mas, mesmo com toda tecnologia que existe atualmente é difícil observar e estudar os sistemas exoplanetários. O professor Diogo Souto, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), juntamente com um grupo internacional de astrônomos, ao estudar um sistema exoplanetário, denominado Ross 128, desenvolveu uma técnica que torna possível determinar parâmetros estelares com grande precisão em estrelas anãs M. Baseando-se nas informações obtidas da sua estrela mãe, como temperatura efetiva e gravidade, é possível descobrir muito sobre os exoplanetas, como, por exemplo, se está na zona habitável, se é um planeta rochoso ou gasoso. [3]
Nesse trabalho, os pesquisadores estudaram mais especificamente um dos exoplanetas do sistema Ross 128, denominado de Ross 128b. Este exoplaneta foi descoberto em 2017 por Xavier Bonfils e colaboradores e é o segundo exoplaneta mais próximo da Terra já conhecido, estando a uma distância de 10 anos-luz. Com a técnica desse estudo, foi possível obter várias informações interessantes sobre o Ross 128b. Descobriu-se, por exemplo, que ele é um planeta rochoso, tem uma massa mínima de 1,35 vezes a massa da Terra, encontra-se na zona habitável da sua estrela e possui uma temperatura média de 21 graus Celsius. [3]
As abundâncias químicas determinadas para Ross 128 indicam que a estrela é, de certa forma, similar ao nosso Sol, com aproximadamente metade da sua temperatura e um quinto do seu tamanho. Já o Ross 128b é um exoplaneta temperado na região interna da zona habitável do seu sistema. Com isso, os pesquisadores concluíram que esse exoplaneta deve ser estudado em mais detalhes e pode ser um potencial novo lar para a humanidade. [4], [5]
[1] Imagem: AdisResic / Pixabay.
[2] ROCHA, J. Como são classificadas as estrelas? EBC. 22 mar. 2016. Disponível em: https://memoria.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2016/03/como-sao-classificadas-estrelas. Acesso em: 19 abr. 2023.
[3] SILVEIRA, E. da. Cientistas liderados por brasileiro criam técnica para estudar elementos de estrelas anãs vermelhas. Terra. 17 jul. 2018. Disponível em: https://shre.ink/Qr8x. Acesso em: 21 abr. 2023.
[4] SOUTO, Diogo; UNTERBORN, Cayman T.; SMITH, Verne V.; et al. Stellar and Planetary Characterization of the Ross 128 Exoplanetary System from APOGEE Spectra – IOPscience. The Astrophysical Journal Letters, v. 860, n. 1, 2018.
[5] João Victor Santos e Marina Freire são graduandos do curso de Licenciatura em Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
Como citar este artigo: João Victor Santos, Marina Freire e Ana Maia. Um novo lar para a humanidade. Saense. https://saense.com.br/2023/04/um-novo-lar-para-a-humanidade/. Publicado em 30 de abril (2023).
