Ana Maia
20/06/2016
A obesidade é uma doença crônica extremamente preocupante pois atinge uma fatia populacional muito significativa, além de estar comprovadamente associada ao aumento de risco de desenvolvimento de inúmeras outras doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares ou câncer.
Nos obesos, observa-se aumento do tecido adiposo branco. Há dois tipos de tecido adiposo: o branco ou unilocular e o marrom ou multilocular. O primeiro tem como função principal acumular energia, enquanto o segundo gera calor. Portanto, o tecido adiposo marrom tem sido encarado como um aliado no tratamento da obesidade.
O tratamento da obesidade envolve normalmente controle da dieta alimentar, atividades físicas, medicação e, em alguns casos, cirurgia. O grande desafio com as medicações, atualmente, é evitar os efeitos colaterais indesejados que acabam por dificultar o tratamento.
Pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of Technology) desenvolveram uma técnica de entrega de medicações antiobesidade diretamente ao tecido adiposo, utilizando nanopartículas [2]. Externamente, as nanopartículas deste experimento são compostas de um polímero, conhecido como PEG, associado a moléculas que possibilitam a ligação do fármaco com o tecido de interesse. Internamente, elas carregam duas drogas antiobesidade, rosiglitazona (Rosi) e um análogo da prostaglandina E2 (PGE2), ligadas a um outro polímero, conhecido com PLGA.
Estas drogas estimulam a conversão de tecido adiposo branco em tecido adiposo marrom e provocam angiogênese (que é o aumento da vascularização local), que potencializa a ação medicamentosa desejada. Experimentos conduzidos em ratos mostraram que foi possível inibir o ganho de peso em uma dieta hipercalórica, ocasionando uma diferença de 10% do peso corporal dos animais, em apenas 25 dias, quando comparado com o grupo de controle. Além disso, dois grandes trunfos do experimento foram a ausência de efeitos colaterais e a ação positiva do tratamento em indicadores sanguíneos importantes, como triglicerídeos, colesterol e insulina.
O sucesso deste experimento pode viabilizar o uso de agentes antiobesidade pouco utilizados, devido aos numerosos efeitos colaterais indesejáveis. Diante dessa perspectiva, poderão surgir soluções capazes de tratar de forma rápida e eficiente esta doença que é certamente uma das grandes preocupações atuais em saúde pública.
[1] Crédito da imagem: The original uploader was Bigplankton at English Wikipedia Later versions were uploaded by Sunholm at en.wikipedia. [Public domain], via Wikimedia Commons.
[2] Y Xue et al. Preventing diet-induced obesity in mice by adipose tissue transformation and angiogenesis using targeted nanoparticles. PNAS 113, 5552 (2016).
Como citar este artigo: Ana Maia. Combatendo a obesidade com nanopartículas. Saense. URL: http://www.saense.com.br/2016/06/combatendo-a-obesidade-com-nanoparticulas/. Publicado em 20 de junho (2016).
Nossa. ESua pesquisa e de extrema importância para a maioria da população do mundo. Esta de parabéns a doutora Maia. Deus o ilumine e dê coragem para seguir em frente. Se precisar de cobaia humana estou a disposição. Isso será em breve